
Gilmar Mendes responsabiliza Forças Armadas pelo 8 de janeiro e compara crimes de Bolsonaro ao terrorismo
Ministro do STF também afirma que os envolvidos não devem ser anistiados
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as Forças Armadas têm grande responsabilidade nos atos de 8 de janeiro de 2023 e que os supostos crimes atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros denunciados são “muito próximos do terrorismo” e, por isso, não podem ser anistiados.
A declaração foi dada em entrevista ao Estadão, publicada neste domingo (23/02). Mendes destacou que a discussão sobre anistia não deve prosperar, pois os crimes são graves e representam uma ameaça direta ao Estado Democrático de Direito.
Bolsonaro e militares entre os denunciados
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas por uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Entre os investigados, estão 23 militares, incluindo figuras do alto escalão como os generais Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Estevam Theophilo.
Para Mendes, os atos de 8 de janeiro, assim como a invasão da sede da Polícia Federal em dezembro de 2022 e os acampamentos em frente aos quartéis, fazem parte de um mesmo contexto de tentativa de desestabilização do governo eleito.
O papel das Forças Armadas
O ministro também criticou a postura das Forças Armadas, afirmando que os militares toleraram e, de certa forma, facilitaram a presença de manifestantes em áreas militares. Ele destacou que os acampamentos em frente aos quartéis duraram mais de dois meses e contaram com infraestrutura fornecida dentro dessas áreas.
“Eles toleraram a permanência dessas pessoas em frente aos quartéis desde 1º de novembro. Foram eles que deram assentimento, forneceram luz e água para esses grupos. Isso são bens públicos. Todos sabemos que não se deve fazer manifestações em frente a instalações militares”, declarou Mendes.
As Forças Armadas negam qualquer tipo de apoio logístico aos manifestantes.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu as investigações como uma forma de identificar responsabilidades individuais dos militares envolvidos, separando essas ações da posição institucional das Forças Armadas.
O julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro promete ser um dos temas centrais do cenário político e jurídico nos próximos meses.