Gilmarpalooza em Lisboa já custou R$ 1,34 milhão aos cofres públicos
O Estadão realizou um levantamento parcial, com base em informações já divulgadas, revelando que os custos finais tendem a ser ainda maiores.
O evento conhecido como “Gilmarpalooza”, organizado pelo instituto de ensino superior do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ocorreu entre os dias 26 e 28 de junho em Lisboa, Portugal. Esse 12º Fórum Jurídico de Lisboa gerou um gasto de pelo menos R$ 1,34 milhão em diárias e passagens, financiadas pelos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo para servidores e autoridades que participaram do evento.
Os dados preliminares foram obtidos pelo Estadão a partir de informações publicadas, mas os custos totais devem aumentar. Os órgãos consultados confirmaram os dados e detalharam as agendas de seus representantes. Ao todo, 160 autoridades dos três Poderes e pelo menos 20 assessores viajaram para Lisboa, com a maioria das despesas pagas pelo contribuinte.
Nos últimos anos, este evento em Portugal se tornou um dos mais importantes do calendário político brasileiro. Durante essa semana, o Congresso operou de forma remota e o STF adiantou sessões plenárias para permitir que os ministros participassem do evento.
A programação oficial contou com três dias de palestras na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, uma instituição pública fundada em 1913. Dos 318 palestrantes confirmados, 265 eram brasileiros (84%), enquanto 44 eram portugueses e apenas 9 de outras nacionalidades.
As diárias totalizaram R$ 1,2 milhão, pagos a pelo menos 78 pessoas, incluindo servidores, políticos, seguranças, ministros de Estado e membros do Judiciário. Esse valor pode aumentar, pois os dados consultados estão atualizados até 26 de junho, não incluindo todos os pagamentos realizados.
Sobre as passagens, o valor exato ainda não foi completamente detalhado. O Estadão identificou R$ 181,4 mil gastos com passagens para 14 autoridades. Muitos portais de transparência ainda não publicaram informações referentes ao mês de junho, dificultando uma análise completa.
Para compilar esses números, o Estadão utilizou informações do Diário Oficial da União, da lista de palestrantes do Fórum Jurídico, de ordens bancárias do Siafi, de portais de transparência e de documentos do Sistema de Concessão de Diárias e Passagens (SCDP).
A FGV, que também participou da organização do evento, cobriu parte dos custos de viagem do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues. Em 2022, a FGV foi alvo de uma investigação da Polícia Federal por suspeita de fraude em licitação e corrupção de agentes públicos, resultando em operações de busca em suas sedes em São Paulo e no Rio. Outros cinco ministros do STF viajaram para Lisboa, sem especificar quem arcou com suas passagens.