Glauber Braga em greve de fome: um protesto silencioso contra a cassação e a política do silêncio

Glauber Braga em greve de fome: um protesto silencioso contra a cassação e a política do silêncio

Há três dias sem comer e dormindo no chão da Câmara, deputado denuncia perseguição por criticar o orçamento secreto e diz que o país precisa enxergar o que está por trás da sua cassação.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) está há três dias em greve de fome, resistindo em silêncio dentro do Plenário 5 da Câmara dos Deputados, o mesmo espaço onde foi aprovada a recomendação para sua cassação pelo Conselho de Ética. Desde a última quarta-feira (9), ele dorme no local, sem se alimentar, em protesto contra o que chama de perseguição política por ter exposto a falta de transparência na liberação das emendas parlamentares – o chamado “orçamento secreto”.

Nesta sexta-feira (12), sua equipe divulgou uma nova nota: Glauber permanece firme no protesto, agora acompanhado por cuidados médicos constantes. Os profissionais de saúde que o acompanham monitoram sua hidratação e sinais vitais duas vezes por dia. Segundo o médico Bernardo O. Ramos, o deputado apresenta quadro estável, apesar do abatimento visível causado pela ausência de alimentação. “Está com pressão normal, pulsos fortes e um espírito inabalável”, resumiu o profissional.

Durante a madrugada, Glauber tentou descansar um pouco, mas o sono tem sido curto – em média, quatro horas por noite. Ele contou que assistiu a um episódio da série Black Mirror e conversou com servidores da Câmara que permaneciam no local. Pela manhã, tomou meio litro de isotônico para manter o corpo minimamente equilibrado.

A greve de fome, segundo o próprio parlamentar, é uma forma de chamar atenção para o que ele considera uma manobra para calar vozes críticas dentro do Parlamento. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Glauber foi direto: “Sim, é pra chamar atenção mesmo. As pessoas precisam saber o que está acontecendo aqui dentro”.

Neste sábado, ele pretende se dedicar a momentos de conversa com a família, que o acompanha com preocupação, mas também com orgulho por sua postura firme.

A motivação por trás do protesto é clara: Glauber é um dos principais críticos do esquema que permite a liberação de recursos públicos sem identificação clara dos autores das emendas. Para ele, essa falta de transparência virou uma moeda de troca dentro da política brasileira – e sua cassação seria uma retaliação por expor esse sistema.

Mesmo enfrentando desgaste físico e emocional, Glauber parece determinado a seguir até onde for necessário. Na solidão do plenário vazio, ele transforma a fome em um grito político. E faz de seu corpo um manifesto vivo contra os bastidores obscuros do poder.

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