
Glauber Braga interrompe greve de fome após Câmara adiar votação sobre sua cassação
Deputado do PSOL-RJ protesta contra “orçamento secreto” e impunidade no caso Marielle, mas encerra jejum após acordo garantir 60 dias de trégua
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) decidiu encerrar, nesta quinta-feira (17), a greve de fome que mantinha há dias dentro da Câmara dos Deputados. A decisão veio após o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciar que o processo de cassação do parlamentar não será levado ao plenário pelos próximos 60 dias.
“Estou encerrando a greve de fome, mas não abrimos mão da luta contra o orçamento secreto, contra o domínio das oligarquias e pela responsabilização dos assassinos de Marielle. A resistência continua”, declarou Glauber, visivelmente debilitado após dias ingerindo apenas água, isotônicos e soro.
Braga iniciou o jejum no dia 9 de abril, logo após o Conselho de Ética recomendar sua cassação. Desde então, passou a dormir em uma das salas da Câmara e, segundo sua assessoria, perdeu cerca de cinco quilos no período.
A trégua de dois meses anunciada por Motta será contada após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) avaliar o recurso protocolado pela defesa do deputado. “Independente do resultado na CCJ, o caso não será pautado no plenário antes de 60 dias. Assim, o deputado Glauber terá tempo para apresentar sua defesa de forma plena”, escreveu o presidente da Câmara em seu perfil na rede X (antigo Twitter).
A decisão, segundo ele, foi construída em articulação com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, e com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). Isso significa que a votação sobre o futuro de Glauber Braga pode ficar para depois do recesso parlamentar, ou seja, só em agosto.
O processo de cassação foi instaurado após um episódio ocorrido em abril de 2024, quando Glauber expulsou a chutes e empurrões um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) das dependências do Congresso Nacional.