
Gleisi Hoffmann Articula Indicação de Deputado do Centro para Liderança do Governo na Câmara
A presidente do PT, indicada para Secretaria de Relações Institucionais, busca contrabalançar presença petista no Planalto com nomeação de parlamentar de centro
Gleisi Hoffmann, escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Secretaria de Relações Institucionais, está promovendo negociações para indicar um deputado de um partido do centro para assumir a liderança do governo na Câmara. O objetivo é equilibrar a forte presença petista nos cargos-chave do Planalto e garantir uma boa articulação política com a base aliada no Congresso.
A decisão de Lula de escolher Gleisi para o comando da articulação política gerou reações de setores do governo e do Congresso, que veem a nomeação como uma estratégia para fortalecer o PT. Durante uma reunião com o presidente na sexta-feira, Gleisi e Alexandre Padilha, que deixará o Ministério de Relações Institucionais para assumir a Saúde, defenderam que a liderança do governo seja ocupada por um parlamentar de outro partido. Entre os nomes cogitados estão Isnaldo Bulhões (MDB), Antonio Brito (PSD) e Aguinaldo Ribeiro (PP), todos deputados aliados do governo.
A indicação de um nome fora do PT visa facilitar as relações com a Câmara dos Deputados e suavizar as tensões geradas pela escolha de Gleisi. No entanto, ainda paira a dúvida sobre a aceitação do cargo por outros parlamentares. A preferência do Centrão, com o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta, era para que Isnaldo Bulhões assumisse a liderança. Esse cargo pode ser visto como uma compensação pela escolha de Gleisi para a articulação política.
Atualmente, a liderança do governo na Câmara é ocupada por José Guimarães (PT-CE), mas a possibilidade de ele assumir a Secretaria de Relações Institucionais foi descartada devido a sua vinculação a uma investigação sobre desvio de emendas, o que deve levá-lo a perder o cargo. Gleisi sugeriu que Guimarães poderia assumir a presidência do PT até a eleição de julho, em uma solução temporária para a crise interna do partido.