
Gleisi tenta apagar incêndio com STF após fala sobre anistia: “Foi mal colocada”
Ministra diz que não vê clima de crise com o Supremo e afirma que governo é contra anistia ampla para envolvidos no 8 de janeiro
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, procurou colocar panos quentes depois de sua declaração polêmica sobre uma possível anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro. Ao ser questionada sobre o desconforto que causou entre os ministros do STF, ela minimizou: “Não acredito que vá persistir. Por isso mesmo me expliquei logo, para não deixar margem para dúvidas.”
Mesmo incomodados com a fala, ministros do Supremo teriam decidido não ampliar a tensão com o Planalto. Conforme revelou a GloboNews, houve reações negativas nos bastidores da Corte, e alguns magistrados chegaram a buscar interlocutores no governo para entender melhor o que motivou a declaração da ministra. Gleisi, no entanto, disse que não foi procurada diretamente por ninguém do STF.
Na manhã desta sexta-feira (11), a ministra voltou ao assunto e reconheceu que se expressou mal. Explicou que sua intenção era defender a legitimidade do Congresso em debater temas relacionados às penas impostas, mas reafirmou que qualquer decisão sobre isso é prerrogativa exclusiva do Judiciário. “No caso do 8 de janeiro, isso é atribuição do STF”, ressaltou, citando que o presidente da Câmara, Hugo Motta, busca um caminho de diálogo com a Corte.
Gleisi ainda frisou que nunca defendeu o projeto de anistia que está no Congresso, ao contrário: “Somos contra. Esse projeto não é para as ‘tiazinhas’ do 8 de janeiro. Ele é amplo, irrestrito, e abrange Bolsonaro e generais. Nossa posição sobre isso é muito clara.”
Ela também afirmou que não conversou com o presidente Lula antes de dar a primeira declaração, mas garantiu que o entendimento do governo é o mesmo que ela apresentou no esclarecimento.
Nos bastidores, a movimentação de deputados da base governista em favor da anistia continua gerando ruídos no Palácio do Planalto. Mais de 100 parlamentares já assinaram apoio à proposta, o que aumentou o desconforto com o STF e acendeu alertas na Esplanada.
A ministra tenta, agora, conter os danos de uma fala que, segundo ela, foi mal interpretada – mas que já provocou muito mais do que apenas um ruído político.