
Gleisi tenta conter danos após vídeo viral de Nikolas e busca apoio de bancos sobre consignados
Ministra se reuniu com a Febraban para discutir a repercussão de denúncias sobre o INSS; entidade nega que ela tenha feito pedidos diretos
São Paulo – A ministra Gleisi Hoffmann (PT), que chefia a Secretaria de Relações Institucionais, se viu no meio de uma tempestade política após o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) divulgar um vídeo que ultrapassou 100 milhões de visualizações, em que acusa o INSS de estar no centro de um escândalo de R$ 90 bilhões envolvendo empréstimos consignados. Para tentar conter os danos, Gleisi buscou apoio de quem entende do assunto: os bancos.
Na última quinta-feira (8/5), durante uma reunião com representantes da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a ministra pediu que fossem divulgados dados corretos sobre os valores dos consignados, diante da avalanche de desinformação que tomou conta das redes. A entidade, no entanto, afirma que não houve nenhum pedido formal por parte da ministra — apenas uma escuta atenta da parte dela às explicações apresentadas.
No vídeo, Nikolas dá a entender que houve desvio de R$ 90 bilhões diretamente dos empréstimos consignados destinados a aposentados, o que inflou a percepção pública de um rombo gigantesco. Mas, de acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), o foco da investigação da Polícia Federal é outro: cobranças indevidas de mensalidades associativas, estimadas em R$ 6,3 bilhões.
A confusão entre os dados foi potencializada por influenciadores como Thiago Nigro, o “Primo Rico”, que chegou a falar em prejuízo de R$ 219 bilhões — somando consignados com descontos feitos por entidades, sem separar o que foi autorizado ou não pelos beneficiários.
Esse caso é especialmente delicado para o governo, já que o crédito consignado sempre foi uma das bandeiras petistas. Foi no primeiro mandato de Lula que a modalidade se expandiu, inclusive com condições especiais para aposentados. Agora, com o governo tentando ampliar esse tipo de crédito para trabalhadores da iniciativa privada, o escândalo surge como um balde de água fria.
Gleisi aproveitou o encontro com banqueiros para reforçar a importância do crédito mais barato como instrumento de desenvolvimento. “O presidente Lula tem sempre falado que precisamos colocar dinheiro de forma mais barata na mão do povo”, disse a ministra.
Entre os participantes da reunião estavam representantes de instituições como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, CUT, CNI e ABBC. O presidente da Febraban, Isaac Sidney, destacou que foi ele quem tomou a iniciativa de esclarecer os dados e que a reunião tratou, principalmente, de como reduzir os custos do crédito no país. Segundo ele, Gleisi apenas escutou, sem fazer pedidos diretos.
Apesar da negativa formal, o encontro mostra que o Planalto está em alerta e tenta, nos bastidores, controlar os efeitos de uma narrativa que viralizou e ameaça comprometer uma de suas principais vitrines econômicas.