
“Golpe seria fácil, mas o difícil é o dia seguinte”, diz Bolsonaro sobre 2022
Ex-presidente admite que agir fora da Constituição traria consequências complicadas no pós-golpe
Em entrevista concedida nesta quarta-feira (22/1) ao canal bolsonarista Fio Diário, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, no final de 2022, seria fácil “fazer algo fora das quatro linhas” da Constituição, expressão usada por ele para sinalizar ações fora dos limites legais. No entanto, ele destacou que o maior desafio não seria executar um golpe, mas lidar com as consequências no “day after” (dia seguinte).
“O que eu poderia fazer fora das quatro linhas? Fazer besteira? É fácil. Quero ver o que acontece no dia seguinte. Com minha experiência, 28 anos no Parlamento, 15 no Exército e três na Presidência, eu sabia o que poderia fazer e as consequências disso”, declarou o ex-presidente.
Críticas ao sistema eleitoral e menção à Venezuela
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a questionar a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e chegou a sugerir que o país deveria adotar um modelo semelhante ao da Venezuela. Ele citou o caso da oposição venezuelana, representada por María Corina Machado, que mesmo popularmente apoiada, foi declarada inelegível. “Hoje, clamamos aqui por um sistema semelhante ao da Venezuela”, afirmou, referindo-se à possibilidade de auditorias que, segundo ele, tornariam o processo mais transparente.
Acusações de tentativa de golpe
Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal no final de 2023, sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições presidenciais de 2022. Para os investigadores, há indícios de que ele e aliados atuaram para desestabilizar o resultado eleitoral, levantando suspeitas infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas e incentivando protestos de seus apoiadores.
A declaração sobre a facilidade de um golpe e o “day after” reforça o tom de seus posicionamentos em relação ao período pós-eleitoral e continua alimentando debates sobre seu papel nas ações que levaram à crise política após as eleições.