Gonet se opôs a afastamento de Ramagem do mandato
O deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e membro do partido PL-RJ, enfrentou um pedido da Polícia Federal para ser afastado de seu mandato enquanto é investigado por suposto uso da estrutura da Abin em favor de interesses pessoais e políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo caso, recusou a solicitação.
A PF alegou que, durante a gestão de Ramagem, a Abin atuava em benefício do cenário político nacional, formando uma “estrutura paralela” com aliados do governo. Os investigadores afirmam que o deputado teria encorajado e encoberto um suposto esquema de arapongagem, usando a informalidade como meio para evitar deixar rastros.
Em um relatório enviado ao STF, a PF destacou que evidências coletadas revelam eventos relacionados que confirmam o modus operandi e a instrumentalização da Abin sob a liderança de Ramagem. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR), liderada pelo procurador-geral Paulo Gustavo Gonet Branco, discordou do afastamento do deputado. Gonet argumentou que, uma vez que Ramagem não ocupa mais o cargo na Abin há mais de um ano, não há justificativa para afastá-lo da Câmara, defendendo a preservação do mandato parlamentar.
Embora as condutas de Ramagem tenham sido consideradas graves pela PF, o ministro Moraes decidiu manter o mandato do deputado neste momento da investigação, alegando que não há evidências de eventos graves e contemporâneos que justifiquem o afastamento. Ele deixou em aberto a possibilidade de reavaliação se houver indícios de uso indevido das funções parlamentares para interferir nas investigações.