
Governo busca saída para o impasse do IOF com diálogo e sem desgaste político
Lula garante que solução já foi acordada com o Congresso, e Haddad se reúne neste domingo com os presidentes da Câmara e do Senado para definir alternativas fiscais
Durante entrevista concedida em Paris neste sábado (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou que o impasse em torno do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) está prestes a ser resolvido. Segundo ele, as novas medidas já foram definidas e o acordo será construído de forma pacífica, sem confrontos ou tensões.
“Vamos resolver isso com diálogo, como deve ser. Está tudo combinado. Nada de briga ou confusão. Só conversar, encontrar um caminho e seguir em frente”, afirmou Lula, em referência a uma reunião realizada na última terça-feira (3), no Palácio da Alvorada.
Na ocasião, o presidente recebeu representantes do governo e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para discutir a revogação do decreto que elevou as alíquotas do IOF. A medida desagradou o Congresso e gerou reação imediata.
Apesar do acordo político, os detalhes das novas propostas só devem ser divulgados após nova rodada de negociações marcada para este domingo (8), quando Motta e Alcolumbre se encontrarão com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Residência Oficial da Câmara.
Entre as alternativas em estudo para compensar a arrecadação prevista com o IOF, estão:
- Revisão de benefícios fiscais, evitando favorecer setores específicos;
- Leilão de excedentes de petróleo;
- Controle mais rígido no crescimento das concessões do BPC (Benefício de Prestação Continuada);
- Utilização de dividendos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social);
- Ajustes nas regras de crescimento mínimo de investimentos em saúde e educação, de acordo com o novo marco fiscal.
A equipe econômica aposta que, com o apoio dos líderes partidários, essas propostas possam começar a tramitar no Congresso ainda nos próximos dias.
Reação ao aumento do IOF
O decreto que elevou o IOF foi anunciado em 22 de maio como parte do esforço do governo para alcançar a meta fiscal de 2025. A estimativa era arrecadar cerca de R$ 18 bilhões com a mudança. No entanto, diante da pressão do mercado e de críticas de parlamentares, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente no dia seguinte, revogando parte das alterações.
Nos bastidores, líderes da oposição chegaram a articular um projeto para derrubar o decreto por completo. Diante da crise, o governo acelerou as conversas com o Legislativo em busca de uma solução negociada que evitasse um desgaste político maior.
Lula, por sua vez, afastou a possibilidade de erro da equipe econômica e disse que o importante é resolver o impasse com maturidade política. “Nada de apontar dedos. O que importa é corrigir a rota quando necessário e seguir construindo”, concluiu.
A expectativa é que, após a reunião deste domingo, o governo anuncie oficialmente o novo pacote de medidas que substituirá o aumento do IOF, buscando preservar a estabilidade política e o compromisso com a responsabilidade fiscal.