Governo em Alerta: Gleisi Tenta Barrar CPI Sobre Fraudes no INSS

Governo em Alerta: Gleisi Tenta Barrar CPI Sobre Fraudes no INSS

Ministra pressiona líderes do Congresso e defende que investigações sigam com a PF e a CGU, para evitar desgaste e preservar prioridades como a reforma do IR.

Em meio à turbulência provocada pelas denúncias de fraudes em descontos nos benefícios do INSS, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, entrou em campo para conter a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso. Durante uma reunião na residência oficial da Câmara, nesta segunda-feira, ela fez um apelo direto a líderes do centro político para evitar que o tema avance.

Gleisi argumentou que abrir uma CPI neste momento só servirá para travar o andamento de pautas cruciais para o governo, como o projeto de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a proposta de ampliação da atuação do governo federal na segurança pública. Para ela, o Congresso deveria focar nessas reformas em vez de embarcar em uma CPI com forte tom político.

A oposição, que já havia protocolado um pedido de CPI na Câmara, tenta agora costurar uma comissão mista com senadores e deputados. Mesmo assim, há entraves: o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que respeitará a fila de pedidos de CPI, o que dificulta sua instalação imediata. A estratégia da oposição é conseguir as assinaturas e pressionar o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, para que leia o pedido em plenário.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto tem trabalhado intensamente para barrar o avanço da CPMI. A ordem é clara: nenhum parlamentar aliado deve assinar o requerimento. Além disso, há uma mobilização ativa para que as assinaturas já obtidas sejam retiradas — tudo para esvaziar a articulação da oposição.

Segundo senadores governistas, a CPI seria apenas mais um palco de disputas políticas, em um momento em que o foco deveria estar na agenda econômica. “Precisamos saber se a oposição realmente quer investigar ou só quer tumultuar. A CPI só tira o foco das reformas”, disse o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

O senador Omar Aziz (PSD-AM) foi direto: “Essa CPI não vai para frente. É só uma briga para ver quem tem mais culpa: se foi o governo Bolsonaro ou o Lula.”

A tensão aumentou depois que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram uma grande operação para investigar descontos ilegais feitos nos benefícios do INSS. A ação resultou no afastamento e posterior demissão de Alessandro Stefanutto, então presidente do órgão. Estima-se que, entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões tenham sido descontados de forma irregular.

Apesar da gravidade do caso, o governo aposta na atuação dos órgãos de controle para resolver a situação, sem necessidade de uma CPI que, segundo Gleisi e aliados, seria apenas munição política para a oposição.

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