
Governo Lula Adota Postura Discreta em Discussões Sobre Imigração com os EUA
Após episódio com brasileiros deportados, Brasil busca diálogo direto e cuidadoso para evitar atritos diplomáticos
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abordar o delicado tema da imigração com os Estados Unidos de forma discreta e estratégica, evitando qualquer tipo de alarde ou exposição pública excessiva. Após a repercussão negativa do tratamento dado a brasileiros deportados que desembarcaram algemados e acorrentados em Manaus, o Planalto e o Itamaraty optaram por conduzir as negociações em um tom “low profile”.
Episódio com deportados em Manaus
Na última segunda-feira, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, foi convocado pelo Itamaraty para esclarecer os relatos de maus-tratos sofridos por brasileiros durante o voo de deportação. Segundo relatos, os deportados enfrentaram agressões e falta de acesso a comida e banheiros adequados durante a viagem.
Para minimizar a dimensão política do episódio, a embaixadora Márcia Loureiro, responsável pela área de comunidades brasileiras no exterior, liderou o encontro, enquanto Maria Luisa Escorel, responsável pelos assuntos relacionados aos EUA no Itamaraty, não esteve diretamente envolvida.
Reunião positiva e expectativas futuras
Interlocutores próximos ao caso consideraram o encontro entre Loureiro e Escobar produtivo. Relatos indicam que, nos últimos anos, os voos de deportação dos EUA para o Brasil não apresentaram problemas, e o episódio em Manaus foi tratado como uma exceção.
Essa abordagem diplomática discreta reflete a preocupação do governo Lula em evitar atritos públicos que possam escalar para impasses políticos ou econômicos. O exemplo da Colômbia, que enfrentou represálias de Donald Trump após se recusar a receber voos de deportação, serve como um alerta de como erros estratégicos podem prejudicar interesses nacionais.
Estratégia bilateral com os EUA
O Brasil opta por uma negociação direta e bilateral com os EUA, sem alinhamentos a blocos regionais, como forma de proteger suas prioridades e manter os contatos de alto nível estabelecidos durante a gestão de Joe Biden. Embora o atual presidente americano tenha um estilo diferente, a diplomacia brasileira busca preservar o diálogo construtivo e evitar conflitos que possam prejudicar relações comerciais ou políticas.
Com uma reunião de emergência da Celac marcada para esta quinta-feira, o governo brasileiro mantém o foco em uma abordagem cautelosa e assertiva, reafirmando o compromisso de defender os direitos de seus cidadãos no exterior sem comprometer a estabilidade diplomática com os EUA.