
Governo Lula Amplia Remuneração de Aliados com Cargos em Conselhos de Estatais
Subtítulo: Mais de 300 aliados políticos recebem salários extras por participarem de conselhos administrativos, elevando ganhos mensais e gerando debates sobre ética e transparência no serviço público
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou 323 aliados para cargos em conselhos de empresas estatais e fundações, proporcionando a esses indivíduos remunerações adicionais que, em alguns casos, ultrapassam R$ 40 mil por reunião. Esses pagamentos, conhecidos como “jetons”, não estão sujeitos ao teto constitucional do funcionalismo público, permitindo que ministros e outros altos funcionários acumulem salários que podem chegar a R$ 75 mil mensais.
Entre os beneficiados estão 17 ministros de Estado, dos quais 12 são filiados ao PT. Esses ministros ocupam cargos em conselhos de empresas públicas e fundações, como o BNDES, Itaipu Binacional, Sesc e Senac. Por exemplo, na Itaipu, os conselheiros recebem R$ 34 mil por reuniões bimestrais, enquanto no Sesc e Senac, os pagamentos por reunião são de R$ 4.770, com um limite de até seis reuniões mensais.
A prática de nomear aliados políticos para esses cargos tem gerado críticas e levantado questões sobre a ética e a transparência na administração pública. Embora legal, a acumulação de salários por meio de jetons é vista por muitos como uma forma de contornar o teto salarial do funcionalismo e de recompensar aliados políticos com recursos públicos.
O governo defende as nomeações, afirmando que todas estão dentro da legalidade e que os indicados possuem qualificação técnica para os cargos. No entanto, a falta de transparência em relação aos critérios de seleção e aos valores pagos, especialmente em empresas de economia mista que não seguem as mesmas regras de divulgação de informações, continua sendo um ponto de preocupação para especialistas e para a sociedade civil.
A situação destaca a necessidade de um debate mais amplo sobre a governança e a ética na administração pública, especialmente no que diz respeito à utilização de cargos em conselhos de estatais como instrumentos de recompensa política.