Governo quer mais etanol na gasolina e mira independência do combustível importado
Ministro Alexandre Silveira defende aumento da mistura de etanol, critica gestão da Petrobras e aponta caminho para a autossuficiência energética
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira (16) que o governo pretende aumentar a quantidade de etanol misturado à gasolina no Brasil. Hoje em 27%, a proporção pode subir para 30%, segundo proposta que será apresentada na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Para Silveira, essa medida pode reduzir a dependência do país em relação à importação de gasolina, tornando o Brasil “praticamente autossuficiente”.
A fala foi feita durante um seminário na sede da Fiesp, em São Paulo, onde o ministro também alfinetou a Petrobras. Ele cobrou mudanças na gestão da estatal e criticou a reinjeção de gás natural nos poços, prática que, segundo ele, não colabora com o abastecimento nacional. “A Petrobras precisa entender que tem que mudar essa lógica daqui pra frente”, declarou.
Outro tema abordado foi o chamado pass through — um modelo que repassa o custo de transporte do gás natural diretamente aos consumidores finais. Silveira explicou que o governo ainda não tem posição fechada sobre a proposta, pois pretende abrir uma nova consulta pública para ouvir sociedade e setor energético antes de tomar uma decisão. A consulta deve ser aberta ainda em junho.
Sobre o fornecimento de energia elétrica, o ministro afirmou que o esperado leilão de reserva de capacidade, que inicialmente ocorreria no dia 27 de junho, foi adiado após questionamentos judiciais. A expectativa é realizar o certame ainda este ano.
Silveira também confirmou que Roraima deve, finalmente, ser integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) até outubro, com a conclusão das obras do Linhão de transmissão que liga Boa Vista a Manaus. A entrega está com uma década de atraso, principalmente por entraves relacionados a terras indígenas.
Angra 3 e energia nuclear em debate
A polêmica usina nuclear de Angra 3 também esteve entre os destaques da fala do ministro. Ele afirmou que a pauta estará em discussão na próxima reunião do CNPE e defendeu a retomada da obra, desde que o setor nuclear brasileiro passe por uma reestruturação. “Não faz sentido termos uma empresa como a Nuclep, criada para fornecer tecnologia nuclear, hoje fabricando torres de transmissão”, criticou.
Silveira contou ainda que o governo brasileiro tem discutido com a Rússia e com a francesa EDF alternativas energéticas, incluindo pequenos reatores nucleares como solução de médio prazo para o Brasil. Segundo ele, esses projetos ganham relevância diante da dimensão territorial do país.
Para completar, o ministro revelou que o governo pretende convidar a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para participar da COP-30, conferência climática da ONU que será realizada em novembro, em Belém (PA).
