Greve geral contra medidas de Javier Milei leva 130 mil pessoas às ruas de Buenos Aires
Em um período de apenas 45 dias desde o início do governo, o presidente argentino, Javier Milei, enfrenta a primeira greve geral em meio a protestos contra medidas de ajuste fiscal e reformas extensas nas leis trabalhistas vigentes há décadas. Milhares de manifestantes se reuniram em Buenos Aires em frente ao Congresso Nacional, carregando faixas com mensagens como “O país não está à venda”. A greve, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, com apoio da Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA), é uma resposta às alterações no regime trabalhista implementadas por Milei, as quais restringem o direito à greve e impactam o financiamento dos sindicatos.
O governo argentino adotou medidas para evitar que os manifestantes chegassem ao Congresso Nacional, implementando o chamado “protocolo antipiquetes” que proíbe bloqueios de vias, permitindo apenas que os manifestantes permaneçam nas calçadas. No entanto, essas medidas não se mostraram eficazes, resultando em confrontos entre a polícia e os manifestantes em Buenos Aires. A polícia relata a adesão de 130 mil pessoas à greve apenas na capital argentina, enquanto outras cidades importantes, como Córdoba e Rosario, também testemunharam manifestações.
A greve recebeu apoio internacional, com manifestações em cidades como Madri, Londres, Berlim e Paris. No Uruguai, o sindicato PIT-CNT convocou uma manifestação contra as “medidas antipopulares” de Milei. O setor de transporte aéreo foi afetado, com a Aerolíneas Argentinas cancelando todos os voos do dia. A greve ocorre em um contexto de desafios econômicos, incluindo uma inflação anual de 211% e quedas significativas no consumo e na produção industrial. Apesar de manter uma imagem positiva nas pesquisas, variando de 47% a 55%, o presidente Milei enfrenta expressiva insatisfação popular manifestada nas ruas. A greve, programada para durar 12 horas, tem como ponto central o repúdio às mudanças na legislação trabalhista, temporariamente suspensas devido a questionamentos sobre sua constitucionalidade na Justiça.