
Guerra de Tarifas entre EUA e China vira oportunidade de negociação, diz governo Lula
Enquanto o mundo reage ao novo “tarifaço” de Trump, Brasil adota tom cauteloso e vê chance de aproximação entre as potências — e de ganhos para o agronegócio nacional
O governo Lula está acompanhando com atenção o novo capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Após a retaliação de Pequim, que anunciou uma tarifa de 34% sobre produtos americanos — o mesmo percentual aplicado por Donald Trump a produtos chineses —, o Planalto avalia que esse embate pode ser a “antessala” para uma futura negociação entre as duas potências.
A expectativa, segundo integrantes do governo brasileiro, é de que o cenário atual leve os dois gigantes de volta à mesa de negociação, como ocorreu em 2020, durante o mandato anterior de Trump. Naquela época, a China chegou a se comprometer a comprar mais de US$ 200 bilhões em produtos dos EUA, numa tentativa de reduzir o enorme déficit comercial que os americanos enfrentavam — cerca de US$ 420 bilhões em 2018.
🌍 O Brasil no meio da tempestade
Por enquanto, o impacto direto para a economia brasileira ainda é incerto. Fontes do governo afirmam que será preciso aguardar algumas semanas para entender os desdobramentos da disputa. Mas já se desenham alguns possíveis cenários.
De um lado, o Brasil pode ser prejudicado caso a China tente escoar para cá os produtos industrializados que seriam barrados nos EUA. Por outro, o setor do agronegócio pode se beneficiar: com os produtos agropecuários americanos enfrentando barreiras, abre-se uma janela para o Brasil ampliar suas vendas para o mercado chinês.
“É um jogo de perde e ganha. Tudo depende de como os ventos vão soprar”, resumiu um interlocutor do governo.
📉 Reações no mercado
O movimento da China provocou uma forte reação nos mercados globais. Bolsas caíram em várias partes do mundo e, no Brasil, o dólar disparou, ultrapassando os R$ 5,80. O aumento da incerteza e o temor de um novo ciclo de protecionismo pesaram nos investimentos.
Um levantamento recente mostrou que, se mantidas as tarifas de Trump, os EUA terão a maior média de tributação sobre importações desde a Grande Depressão, em 1933.
🇧🇷 Estratégia brasileira: cautela e diplomacia
Apesar da pressão, o governo Lula não pretende, ao menos por enquanto, seguir o exemplo de outros países que adotaram tarifas similares às de Trump. O motivo? O Brasil ainda tem uma linha de diálogo aberta com Washington e quer manter as pontes intactas.
Segundo um negociador brasileiro, a diplomacia é a aposta para proteger os interesses nacionais sem acirrar tensões. “Enquanto o mundo entra em modo confronto, a gente aposta no diálogo”, disse.