Haddad diz que comunicação do governo ‘às vezes peca’ e ajuda a piorar expectativas
Haddad participou de um painel no Expert XP, evento do mercado financeiro, em São Paulo.
Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, fez uma declaração que ecoa como uma sirene de alerta. Em um evento do mercado financeiro em São Paulo, Haddad admitiu que a comunicação do governo às vezes “peca por detalhes” e isso acaba alimentando a deterioração das expectativas no mercado. Sua confissão é como um acerto de contas com um problema que ele próprio descreveu como um “ponto cego” que afeta a confiança dos investidores.
“É como se, apesar dos indicadores econômicos estarem se mostrando favoráveis, o governo ainda tropeçasse nas próprias palavras e detalhes que poderiam ser facilmente ajustados,” disse o ministro. Esse tipo de falha, segundo ele, está alimentando uma atmosfera de incerteza.
O contexto da declaração é especialmente irônico. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve um desempenho surpreendente em agosto, subindo 6,54% — o maior avanço em nove meses. E, enquanto o dólar também mostrou uma leve queda de 0,38%, ainda está elevado, cotado a R$ 5,6325. É um cenário em que a economia parece estar reagindo bem, mas a percepção negativa persiste, como se o governo estivesse jogando uma sombra sobre um cenário promissor.
Haddad também falou sobre a transição no Banco Central, que está passando por um momento de mudança com a iminente saída de Roberto Campos Neto e a chegada de Gabriel Galípolo. O ministro descreveu esse processo como “uma dança difícil”, uma referência às complexas mudanças de liderança em um período de volatilidade econômica. Ele comparou isso à gestão de uma orquestra em que a troca de maestros pode gerar notas discordantes antes da harmonia ser encontrada.
O ministro parece confiar que as coisas vão se acertar. Ele se mostrou otimista de que, com o tempo, os fundamentos econômicos prevalecerão sobre a especulação e a incerteza que ainda pairam no horizonte, prometendo um final de ano positivo, com bolsa em alta e inflação dentro da meta.
Sobre as críticas direcionadas a Campos Neto, Haddad minimizou o impacto, comparando-o ao desgaste que qualquer figura pública enfrenta. “Ser presidente do Banco Central é como ser o capitão de um navio gigante. Você enfrenta tempestades e críticas, mas é parte do trabalho,” afirmou, sugerindo que a crítica faz parte do jogo e que não deve ser vista como uma afronta pessoal.
Com essa visão, Haddad parece estar no comando de um navio econômico, navegando entre os mares revoltos da comunicação pública e as complexidades do mercado financeiro, enquanto tenta manter o curso para um porto seguro de estabilidade econômica.