
Haddad na berlinda: pressão de senadores e banqueiros contra aumento do IOF
Medida vira alvo no Congresso, e governo teme impacto até nas emendas parlamentares
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem um dia de tensão pela frente. Ele deve se reunir nesta quarta-feira (28) com senadores e representantes dos bancos para tentar acalmar os ânimos em torno do polêmico aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), anunciado na semana passada.
A reunião ainda não foi oficialmente confirmada, mas está sendo costurada nos bastidores pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). A ideia é colocar Haddad frente a frente com um grupo de parlamentares para que ele explique, tintim por tintim, os motivos e os impactos da medida.
O clima é de pressão. Desde que o decreto foi publicado, choveram propostas no Congresso tentando derrubar a decisão — já são mais de 20 projetos de decreto legislativo querendo anular o aumento. A Fazenda, sentindo o calor, até recuou em parte, retirando o trecho que previa taxar investimentos no exterior.
Mas o risco ainda é grande. Segundo fontes do Senado, se a medida cair, o governo terá que correr atrás de outro jeito para fechar as contas — e o corte pode acabar respingando justamente nas emendas parlamentares, aquele dinheiro que deputados e senadores usam para turbinar obras e projetos em suas bases eleitorais.
Além dos senadores, Haddad também deve encarar os banqueiros, que estão de cabelo em pé com o possível impacto da medida no setor financeiro. A cobrança vai ser pesada, tanto política quanto econômica.
O governo está numa verdadeira operação de contenção de danos, tentando evitar que essa crise fiscal vire uma bola de neve às vésperas de discussões ainda mais difíceis no Congresso.