Haddad reage às tarifas de Trump: “Brasil não vai aceitar papel de coadjuvante”

Haddad reage às tarifas de Trump: “Brasil não vai aceitar papel de coadjuvante”

Ministro promete defender empregos e indústria nacional diante da guinada protecionista dos EUA e negocia isenções com Washington.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mandou um recado direto nesta sexta-feira (11): o Brasil vai defender sua indústria e os empregos diante do novo pacote de tarifas anunciado pelo governo dos Estados Unidos. Em entrevista à BandNews FM, ele criticou duramente o giro protecionista do presidente Donald Trump, que impôs tarifas de 10% sobre produtos importados de diversos países, inclusive o Brasil.

“Os EUA passaram 40 anos pregando o livre comércio e agora fazem uma virada brusca, como um transatlântico tentando dar um cavalo de pau”, comparou o ministro. Para ele, a medida tem como alvo principal a China, mas o impacto se espalha pelo globo — e o Brasil não ficará de braços cruzados.

Haddad destacou que, apesar da turbulência, o país tem ferramentas para reagir. Segundo ele, o Brasil está mobilizado politicamente e diplomaticamente, com o Itamaraty e o vice-presidente Geraldo Alckmin mantendo conversas constantes com autoridades norte-americanas. “Não seremos tratados como parceiros de segunda linha. Vamos defender os interesses nacionais com firmeza”, afirmou.

O ministro lembrou a recente aprovação da “lei da reciprocidade” no Congresso, que permite ao Brasil responder a medidas unilaterais de outros países. Para Haddad, a nova legislação é um sinal claro de que o Brasil está pronto para reagir, se for necessário. “Somos parceiros estratégicos, não figurantes”, disse.

Mesmo diante da incerteza, o ministro descartou o risco de uma freada na economia brasileira. Ele destacou que o país está em uma posição sólida, com reservas internacionais elevadas e instrumentos para lidar com choques externos. “Temos margem de manobra para atravessar essa instabilidade sem grandes danos”, garantiu.

Sobre o câmbio, Haddad apontou que a oscilação do dólar reflete a falta de coerência da política econômica norte-americana. “Com o déficit externo dos EUA, o esperado seria o dólar cair. Mas, diante de tantos sinais contraditórios, os investidores continuam correndo para a moeda americana como se fosse porto seguro”, explicou.

Ainda assim, o ministro vê uma oportunidade no meio do caos: para ele, o movimento protecionista de Trump pode acabar acelerando o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. “É justamente nas crises que surgem as chances de avanços. Tenho convicção de que esse cenário vai empurrar negociações importantes para o Brasil e para a América do Sul”, concluiu.

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