
Interceptados em Alto-Mar: Greta Thunberg e ativistas são barrados por Israel ao tentar chegar em Gaza
Veleiro com ajuda humanitária simbólica é cercado por forças israelenses em águas internacionais; ativistas alegam sequestro, enquanto Israel rebate e chama ação de “show das celebridades”
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o momento em que o barco Madleen, que levava a ativista climática Greta Thunberg, foi interceptado por militares israelenses durante uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza. A embarcação, que partiu da Sicília no dia 6 de junho, transportava um grupo de 12 ativistas, incluindo a eurodeputada francesa Rima Hassan e o brasileiro Thiago Ávila. O grupo levava uma carga simbólica de alimentos e suprimentos médicos para o território palestino, bloqueado por Israel desde 2007.
Os registros mostram os ativistas com as mãos erguidas enquanto soldados israelenses subiam a bordo em plena madrugada, em águas internacionais. Segundo relatos da Freedom Flotilla Coalition — organização responsável pela missão — drones israelenses lançaram uma substância branca que teria danificado os equipamentos de comunicação do barco e ferido alguns dos tripulantes.
Greta Thunberg classificou a ação como um “sequestro” e disse, em vídeo gravado ainda no barco, que a Marinha de Israel violou o direito internacional ao abordar uma embarcação civil desarmada fora das águas territoriais. A ativista pediu que o governo da Suécia e a comunidade internacional pressionem por uma resposta diante da interceptação.
Já o governo de Israel afirmou que o barco foi escoltado até o porto de Ashdod e que todos os passageiros serão devolvidos aos seus países de origem. Em tom irônico, o Ministério das Relações Exteriores chamou o grupo de “celebridades do iate das selfies” e declarou que a zona marítima próxima à costa de Gaza está legalmente interditada por razões de segurança.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que os ativistas deveriam assistir a um vídeo com imagens do ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 pessoas. Nas redes sociais, Katz chegou a chamar Greta de “antissemita” e a acusou de apoiar o grupo terrorista Hamas, uma fala que gerou críticas de apoiadores dos direitos humanos ao redor do mundo.
Apesar da escolta armada, vídeos divulgados posteriormente mostram os ativistas recebendo alimentos a bordo enquanto eram levados de volta à costa israelense. Segundo a Freedom Flotilla Coalition, a missão era pacífica e visava chamar atenção para a grave crise humanitária que afeta mais de dois milhões de palestinos em Gaza, onde a fome já ameaça a maioria da população.
O episódio reacende o debate internacional sobre o bloqueio naval imposto por Israel e sobre os limites da repressão militar diante de ações civis e humanitárias. A coalizão organizadora da flotilha pede que o ato seja condenado formalmente como uma violação dos direitos humanos e do direito marítimo internacional.