Investigador teria usado delegacias para encobrir tráfico e desvio de entorpecentes

Investigador teria usado delegacias para encobrir tráfico e desvio de entorpecentes

O investigador de polícia Elvis Cristiano da Silva, de 54 anos, está no centro de uma investigação que aponta seu envolvimento em um esquema de corrupção dentro da Polícia Civil de São Paulo. Segundo um relatório da Corregedoria da instituição, ele teria “vendido” cargos de chefia em delegacias para facilitar o desvio de drogas apreendidas e revendê-las para o crime organizado.

Desde que assumiu a chefia da 1ª Delegacia Seccional do Centro, em 2023, Elvis teria coordenado esse esquema ao lado dos investigadores Eduardo Xavier dos Santos e Cléber Rodrigues Gimenez — este último preso em janeiro deste ano. O grupo utilizava quatro delegacias (1º DP, 2º DP, 12º DP e 77º DP) para registrar ocorrências de forma estratégica e despistar investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Como funcionava o esquema

O modus operandi da quadrilha envolvia a troca de drogas apreendidas por substâncias inofensivas, como talco ou gesso. As cargas falsas eram oficializadas nos registros policiais, enquanto os entorpecentes verdadeiros eram revendidos para traficantes internacionais. A manipulação dos laudos periciais era garantida por um perito do Instituto de Criminalística, também suspeito de envolvimento no esquema.

As investigações apontam que o grupo conseguiu movimentar ao menos R$ 50 milhões só na 1ª Delegacia Seccional. Para manter o esquema em funcionamento, Elvis teria montado uma rede de informantes que monitorava a circulação de drogas em outros estados, garantindo que as cargas certas fossem interceptadas e desviadas.

O papel dos “gansos” e a conexão com o crime organizado

O esquema também contava com o apoio dos chamados “gansos”, informantes que atuam como intermediários no submundo policial. Eles se passavam por agentes em falsas operações para apreender carregamentos de drogas, que depois eram desviadas para o galpão clandestino do grupo, localizado no bairro do Bom Retiro, região central da capital paulista.

Ali, a droga era trocada por substâncias inofensivas e devolvida ao processo legal, garantindo que os policiais corruptos pudessem lucrar sem levantar suspeitas. A investigação também sugere que Elvis e seus comparsas mantinham ligações diretas com traficantes colombianos para a compra e distribuição de entorpecentes.

Investigações em andamento

Até a última sexta-feira (7), Elvis continuava exercendo suas funções normalmente na 1ª Seccional, apesar das suspeitas. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) declarou que todas as denúncias estão sendo apuradas e que medidas serão tomadas conforme avanço das investigações.

As defesas dos policiais citados na investigação não foram localizadas até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.

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