Israel ameaça Khamenei e evoca o destino de Saddam Hussein

Israel ameaça Khamenei e evoca o destino de Saddam Hussein

Ministro da Defesa avisa que líder do Irã pode seguir o mesmo caminho do ditador iraquiano, deposto e executado após invasão americana em 2003

Em meio à escalada das tensões entre Israel e Irã, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, lançou nesta terça-feira (17) uma ameaça direta ao aiatolá Ali Khamenei. Em tom contundente, Katz alertou que o líder supremo iraniano pode acabar como Saddam Hussein — o ex-presidente do Iraque, deposto pelos Estados Unidos em 2003 e executado anos depois.

— Aviso ao ditador iraniano: pare de cometer crimes de guerra e lançar mísseis contra civis israelenses. Que ele não se esqueça do que aconteceu com o tirano de um país vizinho que ousou trilhar o mesmo caminho contra Israel — declarou Katz em nota oficial de seu gabinete.

A ameaça ocorre enquanto líderes israelenses intensificam os discursos sobre uma possível queda do regime iraniano e até mesmo a eliminação física de Khamenei, em resposta a ataques recentes atribuídos ao Irã. A fala de Katz foi feita durante uma reunião com comandantes militares e de segurança de Israel, em meio à troca de ofensivas entre os dois países.

No dia anterior, Katz já havia responsabilizado diretamente o líder iraniano pelos ataques contra alvos civis em Israel. Embora tenha afirmado que não há intenção de atacar civis iranianos, deixou claro que áreas controladas pelo regime em Teerã poderão ser bombardeadas — o que forçaria a população local a fugir dessas regiões.

— Não buscamos ferir os moradores de Teerã como o ditador iraniano faz com os nossos. Mas eles sofrerão as consequências da ditadura sob a qual vivem — escreveu Katz nas redes sociais.

A retórica beligerante ganhou reforço do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que, em entrevista à rede americana ABC News, foi ainda mais direto. Segundo ele, eliminar Khamenei não ampliaria o conflito — ao contrário, colocaria um fim nele.

— O Irã está nos empurrando para o limite de uma guerra nuclear. O que Israel está tentando fazer é impedir que isso aconteça. A única maneira de acabar com essa agressão é enfrentando o regime iraniano — disse Netanyahu.

Fontes ligadas ao governo americano informaram à Reuters que, recentemente, Israel teria considerado uma operação para matar Khamenei, mas Washington teria vetado a ideia. Segundo uma das fontes, Israel alegou ter uma oportunidade real de executar o ataque, mas o governo dos EUA barrou a ação.

Apesar do discurso centrado na ameaça nuclear iraniana, analistas apontam que o verdadeiro objetivo da ofensiva israelense seria desestabilizar o regime dos aiatolás. Informações obtidas pela BBC sugerem que a ideia de provocar uma mudança de governo no Irã está ganhando força entre os líderes israelenses.

Nesta terça, o Exército de Israel afirmou que os ataques estão reduzindo drasticamente a capacidade de resposta militar de Teerã. Segundo os militares, a pressão militar sobre alvos estratégicos no Irã pode levar ao colapso do atual governo.

Entre as perdas mais simbólicas para os iranianos está a morte de Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior do país e homem de confiança de Khamenei. Ele foi morto em um bombardeio noturno, poucos dias após assumir o cargo, após o falecimento de seu antecessor na primeira onda de ataques. Shadmani era uma figura central tanto na Guarda Revolucionária quanto nas Forças Armadas.

A guerra que começou com o pretexto de frear o programa nuclear iraniano agora parece ter se transformado numa tentativa de desmantelar toda a estrutura de poder em Teerã.

(Com informações da AFP e agências internacionais)

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