
Israel aprova maior expansão de assentamentos na Cisjordânia em meio à tensão em Gaza
Decisão gera críticas locais e internacionais ao aprofundar a ocupação e dividir ainda mais o território palestino
Em meio à guerra que consome Gaza, o governo de Israel anunciou nesta quinta-feira uma medida que mexe com uma das feridas mais antigas e sensíveis do Oriente Médio: a autorização para a criação de 22 novos assentamentos judaicos na Cisjordânia, a maior expansão territorial em décadas dentro do território palestino.
Autoridades israelenses defendem que essa expansão fortalece a segurança do país, especialmente o chamado “eixo oriental” de defesa. Para o ministro da Defesa, Israel Katz, essa é uma forma de proteger os centros populacionais israelenses e enfrentar os desafios atuais. Porém, a decisão acende um alerta vermelho para a comunidade internacional e para os palestinos, que veem nos assentamentos uma ilegalidade segundo o direito internacional e um obstáculo cruel para a paz.
Grande parte dos novos assentamentos já existia informalmente como postos avançados, mas agora receberam a chancela oficial do governo, ganhando status legal dentro da legislação israelense. Entre eles, destacam-se locais como Homesh e Sa-Nur, esvaziados em 2005 durante a retirada unilateral da Faixa de Gaza, e que agora voltam a ser ocupados.
Essa expansão, que corta o território palestino do norte ao sul, aprofunda a fragmentação da Cisjordânia e reforça a ocupação que já dura décadas desde 1967, quando Israel tomou o controle da região durante a Guerra dos Seis Dias.
A Autoridade Nacional Palestina classificou o movimento como uma “escalada perigosa”, e organizações israelenses contrárias à colonização alertam que o governo está abandonando qualquer pretexto de buscar a paz, assumindo abertamente o objetivo de anexar os territórios ocupados.
O Hamas, que governa Gaza, condenou o anúncio como uma afronta às leis internacionais e um desafio direto à vontade da comunidade global. A Jordânia também se posicionou contra, destacando que essa política destrói as chances de um futuro Estado palestino soberano.
Enquanto o mundo observa preocupado, a decisão de Israel reacende um ciclo de tensões que torna ainda mais distante a tão sonhada paz na região.