Israel sob ataque e em expansão militar: de Tel Aviv à Síria, conflito se alarga com convocação em massa

Israel sob ataque e em expansão militar: de Tel Aviv à Síria, conflito se alarga com convocação em massa

Aeroporto é atingido por míssil vindo do Iêmen; governo Netanyahu intensifica ofensiva contra Hamas e mira novo governo sírio, enquanto pressões internas e crise humanitária se agravam

Um ataque vindo do Iêmen atingiu em cheio o coração de Israel neste domingo: um míssil lançado pelos rebeldes Houthi acertou o entorno do Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, ferindo ao menos seis pessoas e abrindo uma cratera próxima ao Terminal 3. Foi um raro sucesso dessa natureza, em solo israelense. A ofensiva, assumida pelo grupo rebelde iemenita, acendeu um novo alerta em meio ao já conturbado cenário da guerra na Faixa de Gaza.

A resposta de Israel foi imediata — e intensa. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu convocou uma reunião emergencial com seu Gabinete de Segurança e prometeu retaliar não só contra os Houthi, mas também contra o Irã, a quem acusa de apoiar diretamente os ataques. “Responderemos no momento e da forma que escolhermos”, declarou Netanyahu, sinalizando mais uma escalada militar.

Simultaneamente, o Exército israelense anunciou a convocação de dezenas de milhares de reservistas para ampliar a operação em Gaza. O plano foi apresentado ainda na sexta-feira pelo chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, e prevê a evacuação de civis das regiões norte e central do enclave palestino antes de uma nova fase de ataques — tática semelhante à aplicada anteriormente em Rafah. O objetivo: aumentar a pressão sobre o Hamas, que ainda mantém reféns israelenses e exige garantias para sua sobrevivência em qualquer negociação, algo inaceitável para o governo de Israel.

Zamir foi direto em sua declaração: “Estamos intensificando nossas ações para trazer nossos reféns de volta e derrotar o Hamas.”

Desde o rompimento do cessar-fogo, em março, o governo israelense tem investido em uma estratégia de “pressão total” contra Gaza — o que inclui bombardeios sistemáticos, bloqueio da entrada de ajuda humanitária e avanço militar sobre grandes porções do território. A consequência tem sido um cenário cada vez mais crítico de fome, desabastecimento e sofrimento para a população local.

Dentro de Israel, no entanto, cresce o debate. Famílias dos reféns e movimentos civis questionam se essa abordagem está colocando os cativos em risco ao priorizar objetivos militares em vez de negociações.

Conflito em múltiplas frentes

A ofensiva israelense vai além das fronteiras com Gaza. Em resposta ao ataque dos Houthi e a novas tensões religiosas na Síria, Israel também bombardeou alvos estratégicos em Damasco e nas Colinas de Golã. No sábado, as Forças de Defesa posicionaram tropas no sul da Síria para proteger comunidades drusas, minoria étnica envolvida em conflitos sectários recentes com grupos ligados ao novo governo sírio — que, aliás, chegou ao poder após a queda do regime de Bashar al-Assad no final do ano passado.

A instabilidade na Síria preocupa: em março, confrontos religiosos causaram a morte de 1.700 pessoas, em sua maioria da minoria alauita. E, só nos últimos dias, ao menos 119 pessoas morreram em choques em regiões como Jaramana e Sahnaya, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. O estopim foi uma mensagem considerada ofensiva ao profeta Mohammed, atribuída a um membro da comunidade drusa.

A ONU e líderes religiosos locais pedem moderação, mas Israel optou por agir. Ao longo da última semana, mais de 20 ataques aéreos foram realizados contra posições do novo governo sírio, numa tentativa de conter o avanço de grupos islâmicos que assumiram o poder após Assad.

Um tabuleiro em chamas

Quase 19 meses depois do ataque do Hamas que desencadeou essa nova fase do conflito, o que se vê é uma reconfiguração do poder no Oriente Médio. O “Eixo da Resistência” — aliança informal entre grupos como Hezbollah, Houthis, e o próprio Hamas — sofreu baixas severas: o Hezbollah perdeu parte de sua liderança e arsenais no Líbano; os Houthis viram sua força ser reduzida por ações dos EUA e do Reino Unido; e o Irã enfrenta uma pressão diplomática crescente sobre seu programa nuclear.

Ainda assim, a guerra continua — agora espalhada em várias direções, com um número crescente de civis no fogo cruzado, pressões internas sobre o governo israelense e uma crise humanitária que não encontra trégua.

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