Janja desiste de viagem a Nova York após críticas

Pressão pública leva primeira-dama a cancelar participação em evento da ONU

A primeira-dama Janja da Silva decidiu cancelar sua ida a Nova York, onde representaria o Brasil na 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão veio após avaliação interna de que suas viagens internacionais têm gerado um impacto negativo na opinião pública.

Nos últimos meses, a oposição tem feito duras críticas aos gastos de Janja em compromissos fora do país. Em fevereiro, sua viagem a Roma para representar o governo Lula no evento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza gerou polêmica. Políticos como Marco Feliciano, Rosângela Moro, Flávio Bolsonaro e Caroline de Toni contestaram sua presença no evento e o caso chegou ao Ministério Público Federal (MPF), que abriu uma notícia de fato para analisar a situação.

O cancelamento da viagem é visto como parte de uma estratégia para proteger a imagem de Janja e, consequentemente, do presidente Lula e do governo. Internamente, pesquisas indicam que sua popularidade tem caído. Um levantamento da AtlasIntel/Bloomberg de fevereiro mostrou que 58% dos brasileiros têm uma visão negativa da primeira-dama, um aumento significativo em relação aos 40% registrados em outubro.

Diante dessa mudança de planos, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, seguiu para Nova York no último domingo, liderando a delegação brasileira no evento. Em 2024, Janja participou da mesma conferência ao lado de Cida, marcando sua primeira viagem internacional solo como primeira-dama.

Nos bastidores, a ministra Cida Gonçalves também enfrenta um momento delicado. Considerada uma aliada próxima de Janja, ela corre o risco de perder seu cargo na reforma ministerial em discussão. Seu posto pode ser cedido a Luciana Santos, atual ministra da Ciência e Tecnologia, em uma tentativa do governo de acomodar interesses de partidos do Centrão.