Janja na Linha de Fogo: Governo Cria Escudo para Proteger Primeira-Dama

Janja na Linha de Fogo: Governo Cria Escudo para Proteger Primeira-Dama

Tentativa de recuo falha, e viagens internacionais seguem como ponto de atrito

Diante do desgaste crescente da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, o governo montou um verdadeiro bunker político e jurídico para blindá-la. Alvo frequente de críticas da oposição, Janja chegou a ensaiar um recolhimento estratégico, mas sua presença constante nos holofotes, especialmente em viagens internacionais, tem gerado ruídos dentro e fora do Planalto.

Mesmo com alertas internos de que suas agendas no exterior podem impactar negativamente a imagem de Lula, Janja não abre mão de acompanhar o presidente ou, por vezes, antecipar-se a ele. No último sábado, por exemplo, embarcou para o Japão antes de Lula e, na próxima semana, seguirá para Paris para participar da Cúpula Nutrição para o Crescimento, a convite do governo francês.

Estratégia de defesa

Para minimizar os impactos dos ataques direcionados a Janja, um grupo de peso no governo foi acionado. A chamada “força-tarefa” inclui o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o líder do partido na Câmara, Lindbergh Farias, e advogados do grupo Prerrogativas.

Messias acompanha as representações contra Janja na Justiça e órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF). Recentemente, um pedido para retirá-la do Palácio do Planalto foi arquivado. Já Gleisi e Lindbergh atuam na linha de frente da batalha política nas redes sociais, enquanto o Prerrogativas trabalha na defesa da imagem da primeira-dama perante a sociedade.

O Planalto acredita que as críticas a Janja fazem parte de uma estratégia coordenada da oposição, que estaria usando um tom mais agressivo em comparação a primeiras-damas anteriores. Embora nenhuma denúncia formal contra ela tenha avançado juridicamente, a repercussão negativa já afeta sua popularidade.

Mudanças de rota e impasses

Diante do cenário de desgaste, Janja chegou a considerar uma postura mais discreta, restringindo sua atuação a temas considerados essenciais. No entanto, esse recuo não incluiu suas viagens internacionais, que continuam sendo um ponto de polêmica dentro do governo.

Se, por um lado, Janja mantém sua agenda externa ativa, por outro, algumas adaptações já são visíveis. A primeira-dama cancelou sua ida à 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) em Nova York, evento vinculado à ONU, alegando priorização de compromissos. Sua ausência coincidiu com a fragilidade da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que corre risco de ser substituída na reforma ministerial.

Além disso, a ideia de formalizar um gabinete para Janja segue em compasso de espera. O temor do governo é que, caso isso ocorra, a oposição possa convocá-la regularmente para prestar esclarecimentos no Congresso. A própria Gleisi Hoffmann, em entrevista recente, defendeu que a primeira-dama tenha um cargo honorífico no governo, sem remuneração, para que possa atuar com mais respaldo institucional.

Enquanto isso, auxiliares de Lula já percebem uma leve mudança na postura de Janja. Ela tem evitado eventos públicos e reduzido pedidos considerados “extraoficiais”. No entanto, a sombra de suas viagens e sua influência nos bastidores continuam como temas delicados dentro do governo.

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