
Janja rompe o silêncio e exige ação contra machismo na Câmara
Primeira-dama sai em defesa de Gleisi Hoffmann após ataques de deputado da oposição e cobra medidas firmes do presidente da Câmara
A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, se manifestou com indignação nas redes sociais após os ataques misóginos dirigidos à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), por parte do deputado Gilvan da Federal (PL-ES). Em sua publicação, Janja não apenas expressou solidariedade a Gleisi, como também fez um apelo direto ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pedindo providências urgentes para pôr fim ao que classificou como um “ciclo de misoginia” no Congresso.
“Infelizmente, esse não é um episódio isolado”, escreveu Janja. “É mais uma prova do padrão cruel de silenciamento e humilhação imposto às mulheres que se atrevem a ocupar posições de liderança e decisão.”
Ela reforçou a importância de atitudes concretas da liderança da Câmara para garantir que o ambiente político seja mais respeitoso e igualitário. “Nós, mulheres, contamos com o compromisso do presidente Hugo Motta para barrar esse ciclo. São necessárias medidas firmes para combater esse tipo de violência institucional”, completou.
Os insultos ocorreram durante uma reunião da Comissão de Segurança Pública com a presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Gilvan, além de atacar Gleisi, fez referência pejorativa ao deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), chamando-o de “Lindinho” e insinuando, de maneira ofensiva, que Gleisi seria chamada de “Amante” — apelido que constava em uma planilha da Odebrecht apreendida na Lava Jato. Gleisi foi inocentada nos processos.
Na sequência da repercussão, a Mesa Diretora da Câmara encaminhou ao Conselho de Ética uma solicitação formal de afastamento de Gilvan da Federal por seis meses. O pedido, assinado por Hugo Motta, cita comportamento “gravemente ofensivo e difamatório”, incompatível com o cargo parlamentar. Esse foi o primeiro processo movido com base nas novas regras do Conselho de Ética, que prevêem prazos mais curtos para decisões e possível votação em plenário caso o conselho não se manifeste em cinco dias úteis.
Vale lembrar que Gilvan já havia provocado polêmica no início de abril ao dizer que “desejava a morte” do presidente Lula — comentário do qual recuou posteriormente, alegando ter “exagerado”.
A bancada feminina do PT também se posicionou, divulgando uma nota de repúdio às declarações do deputado e reforçando o pedido por responsabilização.