Janones e a farsa do “não confessei nada”
Deputado tenta enganar o público, mas áudios mostram que ele admitiu crime de rachadinha
O deputado federal André Janones (Avante-MG) resolveu tentar reescrever a realidade. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele negou que tenha admitido envolvimento em rachadinhas ao assinar um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O problema? O próprio acordo exige a confissão do crime como condição para ser validado.
“Eu aceitei pagar uma multa para encerrar um processo sem fundamento e evitar anos de desgaste”, declarou Janones, tentando pintar o acordo como uma simples questão administrativa. O detalhe que ele convenientemente omite é que o Código de Processo Penal determina que qualquer pessoa que assina esse tipo de acordo precisa, obrigatoriamente, confessar formalmente o crime.
E foi exatamente isso que ele fez. Em vídeo gravado durante a audiência para firmar o acordo, Janones admitiu, sem qualquer coação, que usou dinheiro de assessores, confirmando os termos do Ministério Público. A gravação mostra claramente que ele foi informado de seus direitos e confirmou tudo “de livre e espontânea vontade”.
Diante da tentativa de distorcer os fatos, o ex-procurador Deltan Dallagnol se manifestou, chamando Janones de “criminoso e mentiroso” e exigindo que a PGR anule o acordo e abra uma ação penal contra ele. Se, como o próprio deputado afirma agora, ele “não confessou nada”, então teria mentido para a Justiça e, nesse caso, o acordo precisa ser cancelado para que ele responda criminalmente.
No fim das contas, Janones parece ter caído na própria armadilha: se admitiu o crime para conseguir um acordo mais brando, não pode agora fingir que tudo não passou de um mal-entendido. Se está negando, então confessou falsamente à Justiça, o que também é crime. Seja qual for o desfecho, uma coisa é certa: a narrativa que ele tenta empurrar goela abaixo do público já desmoronou.
