Janones “trabalhador”: Proposta de jornada 6×1 para parlamentares entre polêmicas e contradições

Janones “trabalhador”: Proposta de jornada 6×1 para parlamentares entre polêmicas e contradições

Deputado que já foi gravado pedindo dinheiro a assessor propõe que políticos adotem o regime 6×1 “para dar exemplo”. Será que ele também se voluntaria?

Janones sugere jornada 6×1 para deputados, mas esquece os próprios escândalos

O deputado federal André Janones (Avante-MG) resolveu virar o porta-voz da austeridade ao propor que os parlamentares trabalhem em escala 6×1, semelhante à aplicada a muitos trabalhadores brasileiros. A ideia surge como “punição moral” àqueles que, segundo ele, não apoiaram a PEC que busca extinguir a escala 6×1 no mercado de trabalho e reduzir a jornada semanal de 44 para 36 horas.

“Se é pro povo, tem que ser pra todos”, escreveu Janones, com ares de indignação seletiva, em suas redes sociais. A proposta sugere que deputados trabalhem seis dias consecutivos e descansem apenas um, uma mudança radical frente ao atual regime parlamentar, que envolve sessões deliberativas apenas duas vezes por semana.

De rachadinhas ao “esforço coletivo”: o tombo da moralidade

A ironia da proposta é que ela vem de um parlamentar que enfrenta suspeitas graves. Janones foi gravado pedindo dinheiro a um assessor em um suposto esquema de rachadinha — prática que contradiz frontalmente o discurso de “defensor do povo”. Enquanto pede sacrifícios e “exemplos” de seus colegas de Congresso, sua própria postura segue envolta em questionamentos éticos.

Será que o deputado se aplicará o mesmo rigor? Afinal, falar em “trabalho árduo” enquanto carrega nas costas acusações desse tipo soa, no mínimo, contraditório.

PEC do 6×1 avança, mas destino permanece incerto

Enquanto a proposta de Janones causa burburinho, a PEC 6×1 para trabalhadores, encabeçada pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP), avança no Legislativo. A medida já conta com 216 assinaturas, ultrapassando o mínimo necessário para tramitação, mas ainda não há data para votação.

A sugestão de Janones talvez encontre dificuldades para ser levada a sério. Com uma rotina parlamentar que já levanta críticas por sua flexibilidade, será que os deputados topariam trocar os dias de discursos e cafés para encarar o “chão de fábrica” que Janones defende?

Moral da história:
Entre discursos inflamados, polêmicas sobre rachadinhas e propostas mirabolantes, o parlamentar mineiro parece mais interessado em jogar para a plateia do que enfrentar as reais demandas do Congresso. Quem sabe, ao invés de propor jornadas exaustivas para os outros, ele não comece esclarecendo suas próprias pendências éticas?

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