Jantar de articulação: Lula tenta frear avanço da anistia com líderes da Câmara

Jantar de articulação: Lula tenta frear avanço da anistia com líderes da Câmara

Planalto vê encontro com Hugo Motta como peça-chave para barrar projeto que pode beneficiar Bolsonaro; governo aposta no diálogo e pressão política

Em mais uma tentativa de conter o avanço do projeto de anistia no Congresso, o Palácio do Planalto está colocando suas fichas em um jantar estratégico entre o presidente Lula, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara, e líderes partidários da Casa. A reunião está marcada para ocorrer logo após o feriado e tem como pano de fundo a crescente preocupação com o impacto político e institucional da proposta.

De acordo com fontes próximas à presidência, Lula e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, vão aproveitar o encontro para tentar convencer os líderes da base aliada a travar o projeto. A ideia é repetir a fórmula adotada no início de abril, quando o presidente se reuniu com Davi Alcolumbre (União-AP) e senadores na residência oficial do Senado, em mais uma tentativa de reaproximação com o Congresso.

Gleisi tem sido vocal nos bastidores, chamando o projeto de anistia de uma ameaça à democracia. Segundo ela, o governo não está em campanha de retaliação, mas quer deixar claro aos parlamentares a gravidade jurídica, política e institucional envolvida no apoio à proposta.

Na Câmara, aliados do governo planejam argumentar com Motta que a Casa tem uma fila de mais de dois mil pedidos de urgência esperando para serem votados, e que não faz sentido priorizar o PL da Anistia. A estratégia é empurrar o requerimento para o fim da fila — e, com sorte, para o esquecimento.

Além disso, os petistas pretendem reforçar o discurso de que o projeto é, na prática, uma tentativa de blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no inquérito do golpe. O governo quer usar a combinação de pressão política, articulação e tempo para esvaziar o ímpeto da proposta e evitar que ela ganhe fôlego dentro da Câmara.

Esse jantar, portanto, é mais do que uma confraternização — é uma jogada política decisiva para conter o que o Planalto considera um retrocesso institucional.

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