
José Dirceu e sua pregação sobre soberania: memória curta ou ironia?
Ex-ministro condenado alerta para riscos da aliança Bolsonaro-Trump, mas esquece seu próprio passado
O ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal José Dirceu (PT) resolveu dar lições sobre soberania nacional e democracia. Em um evento em Brasília, durante a comemoração de seu aniversário, ele afirmou nesta terça-feira (11) que a aliança entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa uma ameaça para o Brasil.
Segundo Dirceu, essa aproximação entre bolsonaristas e o governo americano teria o objetivo de desestabilizar a democracia brasileira, fazendo um paralelo com o período da Ditadura Militar.
Curioso ouvir isso de alguém que já foi condenado a 23 anos e três meses de prisão por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no esquema investigado pela Operação Lava Jato. Mas, claro, como todo bom político, Dirceu parece ter uma memória bastante seletiva.
Traição nacional?
Durante o discurso, o petista acusou membros da direita brasileira de “viajarem aos Estados Unidos para pregar a traição nacional”, promovendo interferências externas nos assuntos internos do Brasil.
“Vão aos Estados Unidos pregar a traição nacional, a intervenção dos Estados Unidos, das big techs nos assuntos nacionais”, disse Dirceu.
O Partido dos Trabalhadores (PT) já se movimenta para impedir que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integre a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, alegando que o filho do ex-presidente estaria promovendo retaliações internacionais contra o Brasil, buscando sanções estrangeiras e pressionando a Justiça brasileira em meio às investigações sobre uma suposta tentativa de golpe.
Um discurso conveniente
Com um histórico de envolvimento nos maiores escândalos de corrupção da história do país, Dirceu agora se posiciona como defensor da democracia e da soberania nacional. Parece ironia, mas é só política como de costume.