José Dirceu, o condenado pela Lava Jato, ataca Bolsonaro: “Situação gravíssima”

José Dirceu, o condenado pela Lava Jato, ataca Bolsonaro: “Situação gravíssima”

Ex-ministro condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro critica postura de ex-presidente em plano de golpe

O ex-ministro José Dirceu, condenado na Operação Lava Jato por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, voltou aos holofotes ao comentar o indiciamento de Jair Bolsonaro no caso que investigou a tentativa de golpe de Estado. Em entrevista ao jornalista Jamil Chade, do UOL, publicada neste sábado (23), Dirceu não poupou críticas ao ex-presidente, chamando a situação de “gravíssima”.

Dirceu, que já foi condenado a mais de 30 anos de prisão pelos crimes cometidos durante seu tempo como articulador político nos governos do PT, afirmou que o envolvimento de Bolsonaro em conspirações contra a Constituição representa um marco histórico:

“É a primeira vez que vemos o Judiciário e a Polícia Federal lidarem diretamente com um crime de alta traição. Não há precedentes de militares e políticos enfrentando os tribunais por atentarem contra o Estado Democrático de Direito”, destacou.

A ironia de um condenado falando em democracia fortalecida

Durante a entrevista, Dirceu exaltou a atuação das instituições brasileiras na preservação da democracia. Segundo ele, o desmonte do plano golpista foi possível devido à falta de apoio interno e internacional, incluindo a postura contrária do governo norte-americano de Joe Biden e a rejeição de setores empresariais.

Contudo, o discurso de Dirceu não deixa de soar contraditório. Ele próprio foi um dos protagonistas dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira, utilizando sua influência política para desviar milhões de reais em benefício de aliados e projetos partidários.

Críticas a Tarcísio e nova investida contra Bolsonaro

Dirceu também rebateu declarações do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, que havia questionado a normalidade política durante a posse de Lula. Para o ex-ministro, houve sim uma tentativa clara de desestabilização institucional.

Sobre Bolsonaro, Dirceu foi categórico:

“Um presidente em exercício, conspirando contra o Estado de Direito, que tenta arrastar as Forças Armadas para um golpe, comete um crime gravíssimo. Isso é um agravante em qualquer análise.”

A fala de Dirceu, enquanto tenta consolidar sua posição como defensor da democracia, relembra ao público o quanto o Brasil já enfrentou a corrosão institucional causada pela corrupção – com ele como um dos protagonistas. Essa tentativa de reposicionar sua imagem, enquanto critica adversários políticos, expõe os paradoxos da política nacional: onde condenados por atos ilícitos julgam e acusam em nome de valores que já desrespeitaram.

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