
Juiz barra plano de Trump para deportar mais de 300 mil venezuelanos
Decisão aponta motivações racistas e risco humanitário em fim do programa de proteção
Um juiz federal de São Francisco bloqueou uma ordem do governo Donald Trump que permitia a deportação de mais de 350 mil venezuelanos atualmente vivendo nos Estados Unidos sob o Programa de Proteção Temporária (TPS). O magistrado Edward Chen classificou a medida como arbitrária, ilegal e inconstitucional, apontando que sua motivação parecia “cheirar a racismo”.
O TPS, criado para acolher imigrantes de países em crise política e social, vinha sendo um refúgio essencial para venezuelanos, concedendo permissão temporária de residência e trabalho nos EUA. O governo Trump, no entanto, pretendia extinguir o programa, o que poderia deixar milhares de pessoas vulneráveis a uma deportação iminente para um país mergulhado em instabilidade.
Proteção ameaçada
Desde 2021, o programa beneficiava venezuelanos fugindo de uma grave crise humanitária, marcada por fome, falta de medicamentos, violência e violações de direitos humanos. Dois anos depois, foi expandido para incluir imigrantes de Haiti, Cuba e Nicarágua, garantindo residência por até 18 meses renováveis, além de autorizações de trabalho.
Estima-se que mais de 500 mil pessoas tenham sido beneficiadas inicialmente, mas o número daqueles que conseguiram obter status migratório definitivo nos EUA ainda é incerto.
Com a volta de Trump à Casa Branca, sua administração endureceu drasticamente a política migratória. Novas concessões do TPS foram suspensas, colocando milhares de imigrantes na incerteza. No entanto, a recente decisão judicial freia temporariamente esse movimento e reacende a batalha sobre os direitos dos refugiados nos Estados Unidos.