Juiz réu por identidade falsa diz ter irmão gêmeo: fuga, mistério e um nome digno da realeza

Juiz réu por identidade falsa diz ter irmão gêmeo: fuga, mistério e um nome digno da realeza

Aposentado da magistratura paulista, ele se apresentou como “Edward Wickfield”, mas MP afirma que é José Eduardo Reis — e paradeiro agora é incerto

O caso parece tirado de um roteiro de novela das oito, mas aconteceu na vida real e envolve um juiz aposentado, uma identidade nobre de mentirinha e uma suposta história de irmão gêmeo desaparecido. Aos 67 anos, José Eduardo Franco dos Reis — nome verdadeiro, segundo o Ministério Público — virou réu na Justiça de São Paulo por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

Durante depoimento à Polícia Civil, no dia 2 de dezembro de 2024, ele admitiu que José Eduardo é, de fato, seu nome, mas alegou que “Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield” seria seu irmão gêmeo, entregue para adoção ainda na infância. Três dias depois do depoimento, Reis desapareceu: deixou o endereço onde morava na capital paulista e, desde então, não foi mais localizado pelos investigadores.

Na última sexta-feira (4), o juiz da 29ª Vara Criminal de São Paulo autorizou a citação oficial de Reis para que ele responda à ação penal. A denúncia contra ele foi acolhida pela Justiça em 31 de março. No mesmo dia, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu suspender qualquer pagamento ao ex-magistrado, enquanto o caso estiver em andamento.

As investigações revelam que Reis nasceu em março de 1958, no interior de São Paulo, e obteve seu primeiro RG com o nome verdadeiro em 1973. Já em 1980, usando dados falsos, conseguiu um novo registro como Wickfield — nome que usaria durante toda sua carreira jurídica.

Com esse nome aristocrático, que ele dizia ser de origem britânica, Reis se formou em Direito pela USP, passou em concurso e atuou como juiz por mais de duas décadas, até se aposentar em 2018. A motivação por trás da criação da identidade fictícia, no entanto, ainda permanece um mistério para o Ministério Público.

A pergunta que resta é: onde está o homem que viveu duas vidas — uma delas com ares de realeza?

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