
Juíza mantém suspensão indefinida que barra ordem de Trump contra matrículas de estrangeiros em Harvard
Governo recua e dá prazo de 30 dias para universidade contestar, mas juíza insiste em manter o status quo em meio a batalha judicial
Uma nova derrota para o ex-presidente Donald Trump ocorreu nesta quinta-feira (29), quando uma juíza federal dos Estados Unidos decidiu manter indefinidamente a suspensão de uma ordem que ameaçava impedir a Universidade Harvard de matricular estudantes estrangeiros. A decisão abre um capítulo importante nessa disputa legal e política acirrada entre a Casa Branca e a renomada instituição acadêmica.
Antes da audiência, o Departamento de Justiça, que representa o governo, recuou de sua posição inicial e concedeu à universidade 30 dias para responder às alegações que motivaram a tentativa de barrar as matrículas. A medida contradiz a postura agressiva do governo Trump na semana passada, quando anunciou que Harvard havia perdido a certificação para participar do programa que permite a entrada legal de estudantes estrangeiros — uma decisão que colocaria em risco a presença de milhares de alunos internacionais.
O governo acusou Harvard de não agir contra o antissemitismo no campus e de manter ligações suspeitas com o Partido Comunista Chinês. Essas alegações foram repetidas, de forma dura, por membros do governo, que afirmaram que a resistência da universidade demonstrava desrespeito ao povo americano.
No entanto, a juíza Allison Burroughs, responsável pelo caso, não se convenceu com o recuo do governo e reforçou a necessidade de manter a situação como está — sem mudanças nas regras atuais de concessão e manutenção dos vistos de estudantes estrangeiros. Em audiência, ela comentou: “Não vamos acabar aqui, essencialmente no mesmo lugar?” e pediu que ambas as partes elaborem um plano para garantir que nenhum direito seja retirado de forma abrupta.
Para Harvard, que conta com quase 7 mil estudantes estrangeiros — representando cerca de 27% de sua população acadêmica —, a ordem de Trump seria um golpe devastador, ameaçando bilhões em anuidades e prejudicando a diversidade e a missão educacional da universidade.
Essa disputa ocorre em um momento delicado, durante a cerimônia de formatura da turma de 2025, que ganhou forte tom político. Estudantes e professores expressaram solidariedade aos colegas estrangeiros, com adesivos e flores brancas, em um contraste claro com os protestos do ano anterior.
Além das questões legais, o clima de insegurança tem impactado emocionalmente os alunos, muitos dos quais consideram transferir-se para outras instituições no exterior, como a Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, que já anunciou facilidades para atrair esses talentos.
Assim, enquanto o governo Trump insiste em impor restrições, Harvard luta para proteger sua comunidade internacional e o que considera um dos pilares da educação global: a diversidade e o intercâmbio cultural.