
“Justiça às Pressas: Julgamentos do 8 de Janeiro Sob Críticas e Controvérsias”
Magistrado admite pressa nos processos, enquanto deputados e advogados questionam legalidade e transparência das decisões
O juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, André Tudisco, causou polêmica ao afirmar que está julgando os réus dos atos de 8 de janeiro “a toque de caixa”. A declaração foi feita durante uma sessão virtual na última sexta-feira (6), enquanto ele conduzia interrogatórios. O comentário veio à tona após um erro do juiz ao confundir o nome de um dos acusados.
“Estou fazendo a toque de caixa aqui, estou até me confundindo”, disse Tudisco, que se apresentou como responsável pelos processos penais relacionados ao caso.
Deputada critica velocidade dos julgamentos
A fala do magistrado provocou reação imediata. A deputada federal Caroline De Toni (PL-SC) usou as redes sociais para questionar a condução dos processos. “É a ‘toque de caixa’ que o STF decide o futuro das pessoas? Justiça feita assim não é justiça, é arbitrariedade”, afirmou.
De Toni criticou o que descreveu como uma “linha de produção” nos julgamentos, onde apenas os nomes dos réus são trocados em processos praticamente idênticos. Segundo ela, esse método desrespeita o devido processo legal e ignora a individualização das penas, além de atropelar competências judiciais.
A deputada, que tentou sem sucesso avançar com um projeto de anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro, ressaltou que centenas de pessoas estão sendo penalizadas de forma “arbitrária”.
Julgamentos em massa aceleram sentenças
Para o advogado Ezequiel Silveira, presente na sessão, a fala de Tudisco reflete a recente aceleração dos julgamentos, com diversas audiências sendo marcadas de maneira sequencial. Ele destacou que réus do Inquérito 4921 — presos em frente ao Quartel General do Exército no dia seguinte às invasões em Brasília — estão sendo julgados em grupos de 15 pessoas por vez.
Além disso, o ministro Alexandre de Moraes convocou uma sessão extraordinária nesta semana para julgar 57 réus de uma só vez. Até o momento, Moraes já condenou a maioria à pena de um ano de reclusão, substituída por 225 horas de serviços comunitários e cursos sobre democracia.
Condenações incluem penas e indenizações
Entre as punições aplicadas, estão restrições como a proibição de uso de redes sociais e suspensão de passaportes. Os condenados também deverão pagar uma indenização coletiva de R$ 5 milhões pelos danos causados durante os atos antidemocráticos.
Enquanto o ritmo acelerado dos julgamentos divide opiniões, críticos questionam se a justiça está sendo feita de maneira justa ou simplesmente apressada, deixando no ar o debate sobre o equilíbrio entre celeridade e o respeito aos direitos dos acusados.