Justiça Decide: Começa o Julgamento do Assassino do Ator de ‘Chiquititas’

Justiça Decide: Começa o Julgamento do Assassino do Ator de ‘Chiquititas’

Paulo Cupertino, acusado de matar Rafael Miguel e seus pais, enfrenta o júri em São Paulo; decisão pode sair em até dois dias

O Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, abriu nesta quinta-feira (29) um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos. Paulo Cupertino Matias, acusado de executar a sangue frio o ator Rafael Miguel e os pais dele, finalmente senta no banco dos réus quase seis anos após o crime que chocou o país. A previsão é que o julgamento dure dois dias.

Cupertino é acusado de triplo homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e por impossibilitar qualquer chance de defesa das vítimas. Junto com ele, também serão julgados dois amigos, Eduardo José Machado e Wanderley Antunes Ribeiro, que, segundo a acusação, ajudaram o empresário na fuga após o crime.

O crime aconteceu em junho de 2019. Rafael, conhecido por interpretar o personagem “Paçoca” na novela Chiquititas, tinha apenas 22 anos. Ele foi morto na porta da casa da então namorada, Isabela Tibcherani, na Zona Sul de São Paulo, junto com seus pais, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50. O motivo? Cupertino não aceitava o namoro da filha, que na época tinha 18 anos.

Os três chegaram ao local naquele domingo para tentar uma conversa pacífica com o empresário, que, sem qualquer diálogo, disparou 13 vezes contra eles. Morreram ali, na calçada, sob o olhar desesperado de Isabela e da mãe dela, Vanessa Tibcherani.

Fuga, disfarces e prisão após três anos

Após o crime, Cupertino fugiu. Viajou por vários estados, usou disfarces, documentos falsos e até deixou o país por um tempo. Passou quase três anos foragido, até ser encontrado, em maio de 2022, escondido num hotel simples em Interlagos, na Zona Sul da capital paulista.

O Ministério Público de São Paulo não economizou palavras na denúncia: chamou Cupertino de “covarde” e destacou a “perversidade” do crime. Para os promotores, ele matou “um jovem trabalhador e seus pais simplesmente porque não aceitava o relacionamento da filha”.

Tentativas de adiar, manobras e a insistência na impunidade

Desde que foi preso, Cupertino tentou de tudo para atrasar o processo. Na primeira tentativa de julgamento, em outubro do ano passado, ele destituiu sua defesa no meio da sessão, alegando “falta de confiança” nos advogados — o que obrigou a Justiça a cancelar o júri.

Mais recentemente, tentou empurrar o julgamento para mais adiante, pedindo novas provas e diligências. Mas o juiz responsável, Antonio Carlos Pontes de Souza, foi taxativo ao negar: “Se o réu escolhe trocar de advogado a poucos dias do júri, o problema é exclusivamente dele. Não cabe mais empurrar esse processo”, destacou na decisão.

Quem vai decidir o destino de Cupertino?

O veredito ficará nas mãos de sete jurados, que ouvirão, ao longo desses dois dias, os depoimentos dos três acusados e de nove testemunhas. Ao final, caberá ao juiz Antonio Carlos Pontes de Souza ler a sentença.

Se condenado, Cupertino poderá pegar pena máxima por triplo homicídio qualificado. Já seus dois comparsas, caso considerados culpados, responderão por terem colaborado na fuga e ocultação do autor do crime.

O julgamento não é só sobre o assassinato brutal de uma família. É também um grito da sociedade por justiça, depois de anos de dor, fuga e tentativas de driblar a lei.

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