
Justiça em Conflito: Juíza Questiona MPPE no Caso Gusttavo Lima
Magistrada critica postura ambígua do Ministério Público e reacende embate sobre arquivamento de investigações envolvendo lavagem de dinheiro.
A juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal de Pernambuco, reacendeu as tensões no processo que investiga o cantor Gusttavo Lima e a influenciadora Deolane Bezerra. A magistrada não aceitou o pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para arquivar as investigações sobre supostos crimes de lavagem de dinheiro em empresas de apostas online, incluindo a Vaidebet.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), ambos do MPPE, faltam provas para prosseguir com uma ação penal contra o cantor e os sócios da empresa. Apesar disso, o MPPE recomendou que as suspeitas de operações financeiras atípicas apontadas pelo Coaf fossem enviadas ao Ministério Público da Paraíba (MPPB) para possíveis providências.
Para a juíza, o posicionamento do MPPE foi “contraditório e incompreensível”. Em decisão publicada na última segunda-feira (16/12), Andréa solicitou que o MP se manifeste de forma clara e inequívoca, optando entre o arquivamento definitivo ou a continuidade das investigações. “A Justiça exige clareza e comprometimento com a verdade e não comporta posições vagas ou indecisões”, destacou a magistrada.
Embate entre Judiciário e Ministério Público
O processo tem sido palco de trocas de acusações. Promotores do Gaeco chegaram a alegar que a juíza “falta com a verdade” e age com “paixão pela investigação”. Eles recorreram para suspender uma decisão que deu cinco dias para o MPPE decidir entre oferecer denúncia, arquivar o caso ou pedir mais diligências.
O MPPE argumentou que, mesmo após o indiciamento de Gusttavo Lima e de 21 outros investigados, faltam indícios que justifiquem uma denúncia. Os promotores afirmam que ainda aguardam dados bancários essenciais para a análise das suspeitas, mas a juíza manteve a pressão por um desfecho.
Defesa do cantor
A defesa de Gusttavo Lima negou qualquer envolvimento em irregularidades e afirmou que as operações financeiras do cantor foram realizadas dentro da legalidade, com a devida documentação e recolhimento de impostos. Em nota, ressaltaram que a insistência da magistrada em rejeitar o arquivamento causa danos à imagem do artista e de suas empresas.
O caso segue sem definição, mas expõe o clima de desentendimento entre o Judiciário e o Ministério Público. Enquanto isso, Gusttavo Lima e os demais investigados aguardam o próximo capítulo de uma novela jurídica que tem mobilizado atenção e gerado polêmicas.