Justiça mantém cassação de Arthur do Val após falas sexistas sobre refugiadas

Justiça mantém cassação de Arthur do Val após falas sexistas sobre refugiadas

Áudios com comentários ofensivos sobre mulheres ucranianas levaram à perda do mandato e direitos políticos; defesa alegava perseguição e “brincadeira em grupo privado”

A Justiça de São Paulo decidiu manter a cassação do ex-deputado Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei”, após o vazamento de áudios em que ele fazia comentários sexistas sobre mulheres refugiadas da guerra na Ucrânia. A decisão, tomada pela 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, negou o recurso apresentado por sua defesa — que ainda pode recorrer da decisão.

Arthur perdeu o mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 2022, depois que os áudios foram tornados públicos. Na gravação, ele descreve as ucranianas como “fáceis porque são pobres” e chega a dizer que “limparia com a língua” partes íntimas de uma delas — comentários amplamente criticados por sua carga de desumanização e machismo explícito.

Embora tenha renunciado ao cargo na época do escândalo, o processo de cassação seguiu em frente e foi aprovado por unanimidade pelos deputados estaduais. Como consequência, Arthur do Val também ficou inelegível por oito anos — o que, se a decisão for mantida, impede sua candidatura até 2030.

A defesa do ex-parlamentar alegou perseguição política, disse que os áudios foram compartilhados sem autorização, e argumentou que ele estava fora do país e licenciado do cargo, o que, segundo os advogados, impediria a punição. Também houve questionamento sobre o trâmite no Conselho de Ética da Alesp. Nenhum dos argumentos convenceu os magistrados.

O relator do caso, desembargador Antônio Celso Aguilar Cortez, destacou que não houve qualquer ilegalidade no processo de cassação e que a imunidade parlamentar não cobre ofensas à dignidade das mulheres. Segundo ele, Arthur do Val ultrapassou todos os limites ao tratar mulheres em situação de vulnerabilidade como objetos sexuais.

O episódio teve repercussão internacional e expôs não apenas a postura do político, mas também o abismo entre a responsabilidade pública e a falta de empatia. Com a decisão judicial, a Justiça reafirma que liberdade de expressão não pode ser confundida com licença para desrespeitar e ofender.

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