Liberal Daniel Noboa derrota esquerda e é eleito presidente do Equador

Liberal Daniel Noboa derrota esquerda e é eleito presidente do Equador

Aos 35 anos, o empresário e ex-deputado de centro-direita Daniel Noboa realizou o sonho de seu pai e se tornou o presidente mais jovem da história do Equador

Aos 35 anos, o empresário e ex-deputado de orientação centro-direita, Daniel Noboa, concretizou o desejo de seu pai ao se tornar o presidente mais jovem na história do Equador. Após uma das campanhas mais tumultuadas do país, que incluiu eleições antecipadas e o trágico assassinato de um candidato à presidência, o candidato liberal saiu vitorioso no segundo turno no último domingo (15).

Com 95% das urnas apuradas, Noboa conquistou 52% dos votos válidos, enquanto sua oponente de esquerda, Luisa González, ligada ao ex-presidente Rafael Correa, obteve 48%. Correa, que liderou o país por uma década, de 2007 a 2017, está atualmente asilado na Bélgica após ser condenado por corrupção e afirma ser alvo de perseguição.

Em um breve discurso, Noboa comemorou sua vitória, destacando a importância de iniciar o trabalho para um novo Equador. Ele também prometeu anunciar sua equipe em breve, agradecendo a todos os que apoiaram seu projeto político, voltado para a restauração da felicidade, paz, educação e emprego no país.

Por sua vez, González aceitou prontamente a derrota, expressou a intenção de parabenizar o adversário e ressaltou a importância da unidade. Ela assegurou que seu partido apoiará as reformas legais, especialmente nas áreas de segurança, saúde e educação, contanto que não envolvam a privatização de recursos ou a precarização desses setores.

O novo presidente eleito é filho do renomado “magnata das bananas”, Álvaro Noboa, que já se candidatou ao cargo cinco vezes, inclusive em três disputas contra Correa. Apesar de ter herdado do pai pelo menos duas empresas em paraísos fiscais, o que é proibido pela legislação equatoriana, isso não o impediu de participar da corrida eleitoral.

Este será o terceiro governo consecutivo de orientação de direita ou centro-direita no Equador, sucedendo aos dez anos de governo de Correa. Os predecessores de Noboa foram Lenín Moreno (2017-2021), que foi vice-presidente de Correa antes de romper com ele, e o atual presidente, Guillermo Lasso, um ex-banqueiro.

Lasso enfrentou dificuldades para governar sem o apoio da esquerda no legislativo e foi alvo de dois processos de impeachment. Para evitar o último, em maio, ele adotou a estratégia de “morte cruzada”, dissolvendo a Assembleia e convocando essas eleições antecipadas.

Portanto, Noboa governará por cerca de um ano e meio, até 2025. Ele deve assumir o cargo na primeira semana de dezembro, embora a data ainda não tenha sido confirmada. Esse período é considerado curto para lidar com a grave crise de segurança enfrentada nas ruas e prisões do país, agravada pelo assassinato do candidato à presidência Fernando Villavicencio 11 dias antes do primeiro turno, em agosto.

Sete colombianos acusados pelo crime foram executados em duas prisões no último dia 7, desencadeando uma nova crise institucional e levando Lasso a substituir toda a cúpula policial. Até o momento, não se sabe quem são os mandantes do assassinato, pelos quais os Estados Unidos oferecem uma recompensa de US$ 5 milhões (R$ 25 milhões).

Anteriormente considerado um país seguro, o Equador viu a violência entre narcotraficantes aumentar nos últimos dois anos, resultando em um triplo aumento na taxa de homicídios. Isso ocorreu em meio ao aumento da produção global de cocaína, tornando os estratégicos portos equatorianos mais relevantes nas rotas em direção aos EUA, Europa e Ásia.

Dada a atmosfera de insegurança, os candidatos optaram por usar coletes à prova de balas durante toda a campanha, e a segurança nos locais de votação foi reforçada com a presença de militares, policiais e inspeções rigorosas. Apesar disso, tanto o primeiro quanto o segundo turnos transcorreram sem incidentes significativos.

Em relação a essa questão, que é a principal preocupação dos equatorianos, Noboa expressou a intenção de estabelecer “prisões flutuantes” para isolar os criminosos mais perigosos. Ele também mencionou a criação de um centro de inteligência para prevenção de crimes e o fortalecimento das forças policiais, embora sem fornecer muitos detalhes sobre a implementação dessas medidas.

Ele concentrou grande parte de suas promessas na geração de empregos e na expansão de oportunidades educacionais para os jovens, elementos que considera cruciais para a redução da violência. Em termos econômicos, Noboa se compromete a preservar a dolarização, facilitar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas, oferecer incentivos fiscais e atrair investimentos estrangeiros.

O Equador possui uma alta taxa de informalidade (52% dos empregos ocupados, em comparação com cerca de 40% no Brasil) e registrou níveis de pobreza em dezembro superiores aos do período pré-pandemia, durante o qual enfrentou grandes desafios econômicos. Esses fatores, somados ao agravamento da violência, resultaram em um aumento nas tentativas de migração para os EUA, inclusive através da perigosa selva de Darién, no Panamá.

Para o analista e consultor político Michel Rowland, Noboa precisa anunciar suas políticas rapidamente e estabelecer alianças com o novo Legislativo. Segundo ele, o Equador necessita que a elite política que assumirá seus cargos a partir de dezembro alcance acordos urgentes mínimos para evitar os conflitos que têm paralisado o país.

Embora tenha sido deputado, o candidato liberal era relativamente desconhecido dos equatorianos até o primeiro turno. No entanto, seu desempenho notável no debate presidencial anterior o levou a ultrapassar os adversários de direita e centro-direita, conquistando o segundo lugar atrás de Luisa González. Agora, ele angariou grande parte dos votos dos candidatos que ficaram para trás.

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