
Liberdade Restrita: A Luta de um Autista após o 8 de Janeiro
Mesmo com pedido de absolvição, jovem autista permanece sob vigilância eletrônica
Jean de Brito da Silva, um jovem de 28 anos com autismo e deficiência intelectual moderada, enfrenta desafios diários desde sua prisão em 8 de janeiro de 2023. Naquela data, ele foi detido no gramado do Palácio do Planalto enquanto tentava auxiliar idosas a se protegerem de bombas de gás durante manifestações. Jean passou seis meses encarcerado na Papuda, em Brasília, compartilhando uma cela apertada com outros 12 homens, sem contato com a família. Durante esse período, enfrentou condições precárias, como banhos frios e alimentação inadequada.
Apesar de um laudo pericial confirmar seu diagnóstico de autismo e deficiência intelectual, e da Procuradoria-Geral da República (PGR) ter solicitado sua absolvição, Jean continua desde julho de 2024 com uma tornozeleira eletrônica que restringe seus movimentos. Residente em Juara, Mato Grosso, ele está impedido de sair do município, visitar familiares em cidades vizinhas ou trabalhar em eventos noturnos e de fim de semana, atividades que complementavam sua renda.
A presença da tornozeleira também o expõe a olhares curiosos e comentários maldosos por parte de alguns moradores, aumentando seu desconforto e estigmatização. Sua mãe, Edna Brito, de 43 anos, expressa preocupação com a situação do filho e com as dificuldades financeiras da família, agravadas pelas restrições impostas a Jean.
Os advogados de Jean, Silvia Giraldelli e Robson Dupim, atuam pro bono em sua defesa, buscando provar sua inocência e remover as restrições impostas. A PGR reconheceu que, devido à sua condição, Jean era incapaz de compreender o caráter ilícito de seus atos no momento dos acontecimentos. No entanto, ele permanece sob vigilância eletrônica, aguardando uma decisão que lhe permita retomar plenamente sua vida ao lado da família.
A história de Jean reflete a situação de outros indivíduos detidos em decorrência dos eventos de 8 de janeiro, muitos dos quais ainda aguardam julgamento ou enfrentam penas severas. A busca por justiça e a reintegração dessas pessoas à sociedade continuam sendo desafios prementes.
Fonte e Créditos: Revista Oeste