Lula apanha no ringue digital: aliados fracassam em rebater Nikolas sobre crise no INSS

Lula apanha no ringue digital: aliados fracassam em rebater Nikolas sobre crise no INSS

Mesmo com estratégia coordenada, ministros e governistas somam apenas 4% do alcance de vídeo do deputado. Governo ainda não aprendeu a jogar no campo das redes.

A tentativa do governo Lula de contra-atacar a ofensiva digital da direita naufragou mais uma vez. Com a crise no INSS ganhando corpo, o Palácio do Planalto escalou sua “tropa de choque” para rebater acusações feitas pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Mas o resultado foi tímido: enquanto o vídeo do bolsonarista bateu mais de 134 milhões de visualizações, os oito principais aliados do presidente somaram juntos pouco mais de 5,5 milhões — o equivalente a apenas 4% do impacto digital do adversário.

Nikolas usou uma fórmula já conhecida: um vídeo direto, com frases de efeito e dados que responsabilizam o governo Lula por fraudes em benefícios do INSS. Na gravação, ele chamou o caso de “o maior escândalo da história”, dizendo que os descontos indevidos começaram — e se multiplicaram — sob a gestão atual, com base em um relatório da CGU.

Dois dias depois, veio a resposta. O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, gravou um vídeo negando os dados apresentados por Nikolas e afirmando que as investigações começaram ainda em 2017, ou seja, durante governos anteriores. Disse também que o número de R$ 90 bilhões citado pela oposição se refere ao total de empréstimos consignados liberados — e não ao valor desviado.

“Não é hora de espalhar medo ou mentira”, afirmou o ministro. “É muito grave usar truques de contexto para enganar o povo.”

O vídeo, replicado em perfis oficiais e pessoais, alcançou pouco menos de 1 milhão de visualizações, muito aquém do necessário para frear a narrativa oposicionista.

Segundo o especialista Marco Aurélio Ruediger, da FGV, o governo segue tratando as redes sociais como um espaço reativo, quando deveria usá-las de forma estratégica — não apenas para apagar incêndios, mas para antecipar e neutralizar crises.

“O governo não entendeu ainda que as redes são um campo de batalha essencial. Não basta estar presente, é preciso ter linguagem, ritmo e narrativa”, afirma Ruediger.

Enquanto a oposição domina o palco digital com frases curtas, vídeos virais e timing certeiro, os aliados de Lula parecem jogar em câmera lenta — e, pior, para um público que já está convencido. A disputa de narrativas, cada vez mais decisiva, segue desequilibrada.

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