Lula busca aproveitar as questões da fome, da crise climática e da figura de Elon Musk para afirmar a liderança do Brasil na ONU.

Lula busca aproveitar as questões da fome, da crise climática e da figura de Elon Musk para afirmar a liderança do Brasil na ONU.

Na manhã de 22 de setembro, Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso na Cúpula do Futuro da ONU em Nova York, onde usou a tragédia da fome e os incêndios florestais como um grito urgente por ação. Enquanto o Brasil enfrenta uma das piores crises de incêndio dos últimos 20 anos, Lula se posiciona como um líder global em um momento em que o planeta clama por mudança. Mas, convenhamos, é difícil não sentir um misto de indignação e repúdio ao observar o cenário catastrófico que se desenrola sob sua gestão.

Diferentemente de seu antecessor, Jair Bolsonaro, que ignorou a gravidade da situação, Lula não se furtará de reconhecer a seriedade da crise. Ele se prepara para responsabilizar tanto o fenômeno El Niño quanto a ação criminosa de homens que tratam a natureza como um mero objeto de exploração. Enquanto isso, o governo se utiliza do termo “terrorismo” para caracterizar os incêndios criminosos, mas é preciso questionar: até onde vai essa retórica se a verdadeira responsabilidade recai sobre um modelo que permite e incentiva tal devastação?

Lula não apenas se deterá nos incêndios da Amazônia e do Pantanal, mas também chamará a atenção para eventos climáticos extremos ao redor do mundo, ressaltando que a janela para a ação está se fechando. Ele fará um apelo à comunidade internacional, sublinhando que estamos à beira de um ponto sem retorno, mas será que essas palavras terão o peso necessário para provocar uma mudança real? A urgência que ele imprime ao discurso, por outro lado, não é compartilhada por todos em seu governo, que ainda defende a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, ignorando as consequências ambientais de tais decisões.

No evento, Lula também deverá receber um prêmio da Fundação Bill e Melinda Gates por seus esforços no combate à fome, enquanto tenta captar recursos para sua causa. No entanto, a ironia é palpável: como um país que ainda enfrenta profundas desigualdades sociais pode liderar um movimento global contra a fome? É um paradoxo que não se pode ignorar.

O contexto político internacional é desolador, com a ONU mais dividida do que nunca, e Lula, ao invés de brilhar com pompa, aparece em uma postura mais modesta, cercado por uma equipe reduzida. É quase como se a expectativa de um renascimento do Brasil tivesse se dissipado, deixando um gosto amargo de frustração no ar. Ele sabe que a realidade é dura e que suas promessas de combate à fome e à pobreza extrema dependem de ações concretas, não apenas de discursos inspiradores.

Lula não se esquivará de abordar a crescente onda de extremismos, e é aqui que o nome de Elon Musk entra em cena. O presidente brasileiro não deixará de mencionar a recente disputa judicial envolvendo o bilionário e a liberdade de expressão no Brasil, destacando que, independentemente de quão rica uma pessoa seja, todos devem respeitar a legislação do país. É um lembrete pungente de que, em tempos de polarização, a responsabilidade é de todos — e não há espaço para impunidade.

A cada passo que Lula dá na ONU, ele tenta balancear a liderança do Brasil, mas a tarefa é monumental. Como ele mesmo disse, “nos faltam ambição e ousadia”. O desafio é enorme, e a luta contra a fome, a crise climática e a reforma das instituições internacionais não é apenas uma questão de retórica; é um chamado à ação que deve ecoar nas mentes e corações dos líderes globais.

E, no fundo, a pergunta permanece: até quando o Brasil será visto como um mero espectador em vez de um protagonista na luta por um mundo mais justo e sustentável? O tempo está se esgotando, e a hora de agir é agora.

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