
Lula compara Trump a anarquistas e dispara contra política externa dos EUA
Presidente critica desvalorização de instituições e acusa Washington de buscar guerra em vez de paz na Ucrânia
Durante entrevista à revista The New Yorker, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a provocar polêmica ao comparar o ex-presidente americano Donald Trump com antigos movimentos anarquistas. Segundo Lula, o discurso do republicano remete a ideias que pregam uma sociedade sem instituições e regras, algo que, segundo ele, representa um retrocesso civilizacional.
“É quase como o que diziam os anarquistas na Itália ou no Brasil no começo do século: uma sociedade onde o capital manda e as instituições desaparecem”, declarou Lula, ao comentar declarações feitas por Trump no Congresso dos EUA, que, segundo o brasileiro, foram aplaudidas mesmo quando sem sentido.
Lula usou a comparação para criticar o que vê como uma onda antidemocrática crescente, que mina o sistema institucional construído no pós-guerra. Para ele, esse tipo de discurso enfraquece o multilateralismo e as alianças construídas para manter a paz global.
Na mesma entrevista, Lula também aproveitou para alfinetar a atuação dos Estados Unidos no conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, a Casa Branca, sob a gestão anterior de Joe Biden, mostrou mais interesse em derrotar os militares russos do que em promover o diálogo e a paz. “Eles estavam mais empenhados em destruir a Rússia do que em parar a guerra”, disse.
A fala de Lula ocorre no contexto de sua viagem à Rússia, onde participa da comemoração pelos 80 anos da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. O petista tenta, com isso, se reposicionar como um possível mediador internacional — embora o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já tenha declarado que Lula perdeu relevância nesse papel.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de Trump se tornar um pacificador, Lula ironizou: “Se ele conseguir a paz, pode até ganhar o Nobel.”