
Lula compara vitória eleitoral à revolução comunista e declara: “Brasil e China são parceiros para valer”
Durante visita à China, presidente critica política tarifária dos EUA, celebra investimentos bilionários no Brasil e diz que relação com Pequim é “indestrutível”
Em visita oficial à China nesta segunda-feira (12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de destacar os laços que unem Brasil e China, classificando a parceria entre os dois países como “indestrutível”. Em tom elogioso, Lula chegou a comparar sua eleição à revolução de 1949 que levou os comunistas ao poder na China, afirmando que ambos os eventos têm em comum o compromisso com a justiça social.
— Se depender do meu governo, Brasil e China serão aliados de longo prazo. Nossa relação é sólida como pedra. A China precisa do Brasil e o Brasil da China. Juntos, vamos dar voz ao Sul Global e exigir respeito no cenário mundial — declarou o presidente, sob aplausos de empresários dos dois países reunidos em Pequim.
Lula está na capital chinesa para participar do Fórum Celac-China, que reúne representantes de países da América Latina e Caribe. A visita também serviu para impulsionar acordos comerciais. Segundo a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), os chineses anunciaram R$ 27 bilhões em investimentos no Brasil.
Entre os acordos firmados, destacam-se:
- A instalação de fábricas da empresa chinesa Longsys, especializada em semicondutores, em São Paulo e Manaus (R$ 650 milhões);
- A expansão da montadora GWM, com R$ 6 bilhões;
- A entrada da plataforma de entregas Meituan no Brasil, via aplicativo Keeta, com aporte de R$ 5 bilhões;
- A chegada da rede de bebidas Mixue, com plano de investimento de R$ 3,2 bilhões até 2030.
Durante discurso no encerramento de um seminário empresarial, Lula voltou a defender o multilateralismo e criticou duramente as medidas protecionistas adotadas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
— Não aceito a ideia de que um país possa, da noite para o dia, tentar taxar o mundo inteiro. Isso fere o espírito do multilateralismo construído depois da Segunda Guerra. O protecionismo exagerado abre caminho para conflitos — afirmou Lula.
Para o presidente brasileiro, a China está sendo injustamente tratada como vilã no comércio global:
— A verdade é que a China tem feito o que muitos deixaram de fazer: buscar acordos com países esquecidos nas últimas décadas. Está mostrando que é possível negociar e crescer sem excluir ninguém — disse.
No fim do discurso, Lula voltou a afirmar que tanto sua eleição quanto a revolução comunista na China tiveram como ponto de partida o desejo de mudar a realidade social.
— O que deu sentido às eleições no Brasil, e o que deu sentido à revolução de 1949, é o mesmo: mostrar que um governo pode, sim, olhar para os mais pobres e governar para todos — concluiu.