Lula condecora líder de estudo acusado de resultar na morte de pacientes após altas doses de cloroquina em Manaus
Acusado de levar a óbito 22 pacientes
Em uma cerimônia realizada na última quarta-feira (12), o presidente Lula concedeu a Medalha de Mérito Científico ao infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, que atua na Fiocruz Amazônia. O cientista ganhou destaque por liderar um estudo em 2020, que envolveu a administração de doses mais elevadas de cloroquina para pacientes com Covid-19 em Manaus.
O estudo foi alvo de polêmica, pois alguns pacientes acabaram falecendo após receberem as doses mais altas da medicação. Lacerda defendeu, na época, que as mortes eram mais atribuíveis à gravidade da própria Covid-19, uma vez que os pacientes já estavam em estado crítico na UTI. Ele também explicou que utilizou como base uma recomendação chinesa para a hidroxicloroquina e adaptou essa dosagem para pacientes brasileiros.
Contudo, pesquisadores brasileiros enviaram uma carta técnica em novembro de 2021 pedindo a retratação do estudo, argumentando que houve uma conversão incorreta da dosagem chinesa para as pílulas brasileiras, resultando em uma dose excessiva de cloroquina.
Apesar das controvérsias, o estudo de Lacerda foi amplamente utilizado como base para afirmar que a droga não tinha efeito terapêutico contra a Covid-19. Familiares de alguns pacientes que faleceram durante o estudo levantaram preocupações sobre a superdosagem e o Ministério Público do Amazonas abriu uma investigação a respeito.
Além disso, Lacerda também enfrentou inquéritos policiais em Goiás e no Rio Grande do Sul, mas estes foram arquivados após a comprovação de que não houve negligência por parte dos cientistas. Por conta de ameaças de morte, o pesquisador precisou de escolta policial.