Lula cria Dia do Pastor e reconhece em lei importância da arte cristã

Lula cria Dia do Pastor e reconhece em lei importância da arte cristã

O Esforço de Lula para se Reaproximar dos Evangélicos

Lula sanciona leis que exaltam a religião cristã, desferindo um golpe de mestre na tentativa de reconquistar a simpatia dos evangélicos, um público que tradicionalmente o vê com desconfiança. O presidente criou o Dia Nacional da Pastora e do Pastor Evangélico, a ser celebrado anualmente no segundo domingo de junho — uma data que, apesar de sua importância simbólica, não será um feriado nacional. Além disso, sancionou uma lei que eleva as expressões artísticas cristãs à categoria de manifestações culturais nacionais.

Essas medidas, publicadas no Diário Oficial da União hoje, foram uma resposta direta ao crescente descontentamento entre os evangélicos em relação ao governo. A criação do Dia do Pastor é, sem dúvida, uma tentativa estratégica de acenar para uma base que, nos últimos anos, demonstrou uma rejeição mais acentuada ao governo Lula.

O governo petista lançou uma cartilha da Fundação Perseu Abramo, que orienta seus membros a não tratarem os evangélicos como fundamentalistas, e pede que se evite associar a religião aos erros de alguns líderes religiosos. É como se Lula estivesse tentando apagar o incêndio com um copo d’água, oferecendo uma aproximação diplomática em um cenário onde a relação entre o governo e os evangélicos parecia quase irreparável.

A cartilha sugere que evitemos ver todos os evangélicos através da lente do fundamentalismo. Como diz a máxima, “todo fundamentalista é conservador, mas nem todo conservador é fundamentalista.” Este é um esforço de desconstruir a imagem negativa que se espalhou e que, muitas vezes, foi alimentada por campanhas de desinformação.

O governo tenta também desassociar erros individuais de pastores de toda a comunidade evangélica, como se fossem manchas em um manto que deve ser mantido limpo e imaculado. O texto afirma que “todas as pessoas cometem pecados,” uma tentativa de minimizar a percepção de perseguição religiosa.

Este movimento de Lula, que lembra uma manobra política calculada para reverter a maré de reprovação, revela o desespero de um governo que enfrenta um cenário de baixa popularidade entre um segmento crucial da população. A estratégia de aproximação parece um esforço titânico para remediar uma relação desgastada, onde Lula está fazendo o possível para transformar um campo minado em um terreno mais seguro para negociações políticas.

Historicamente, a relação de Lula com os evangélicos passou por altos e baixos. Durante seus primeiros mandatos, houve uma certa cooperação, mas com o tempo, as fricções aumentaram. O PT buscou alinhamento com partidos evangélicos, mas as tensões em relação a questões de direitos humanos e a agenda de Dilma Rousseff acabaram por esfriar essa relação.

Nos últimos anos, as igrejas evangélicas se alinharam fortemente com a agenda bolsonarista, demonstrando uma unidade rara na política brasileira. Este alinhamento intenso contra o governo Lula, especialmente durante as eleições de 2018 e a presidência de Jair Bolsonaro, marcou um ponto baixo na relação entre o governo e a comunidade evangélica.

Agora, no meio de uma nova onda de tentativas de reaproximação, Lula parece estar jogando suas últimas cartas para suavizar as arestas e recuperar a confiança de um público crítico. A situação é, sem dúvida, um teste para sua habilidade política, com o presidente tentando navegar pelas águas turbulentas da política brasileira, tentando reconquistar uma base que uma vez lhe foi leal e agora está cada vez mais distante.

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