Lula Denuncia Queimadas como “Provocação” e Reconhece Falta de Preparação do Brasil

Lula Denuncia Queimadas como “Provocação” e Reconhece Falta de Preparação do Brasil

O presidente se encontrou com ministros e líderes dos Poderes no Palácio do Planalto para discutir medidas conjuntas do governo voltadas ao combate às queimadas e à seca que afetam o país.

Em meio à devastação das queimadas e a seca histórica que atormentam o Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou, nesta terça-feira (17), sua indignação ao afirmar que o país “não está 100% preparado” para enfrentar eventos climáticos extremos. Durante uma reunião no Palácio do Planalto com ministros e líderes dos Poderes, Lula destacou a gravidade da situação, comparando a natureza a um leão enfurecido, mostrando suas garras em resposta à negligência humana.

“O que estamos vendo agora é um agravamento da situação. As cidades não estão equipadas para lidar com esses desastres. Até 90% delas não possuem infraestrutura adequada”, lamentou Lula, que enfatizou que poucos estados têm Defesa Civil e brigadistas suficientes para combater incêndios.

O Brasil enfrenta um período alarmante, com 18 milhões de hectares queimados em biomas cruciais como a Amazônia e o Cerrado — uma área equivalente ao estado do Paraná. A falta de chuvas e o aumento das temperaturas têm criado um terreno fértil para as queimadas, que parecem ser uma provocação, segundo o presidente. Ele relatou episódios em que focos de incêndio foram encontrados em áreas onde estavam sendo realizadas visitas, sugerindo que essas ações poderiam ser deliberadas.

“É como se alguém estivesse dizendo: ‘Olhem para isso!'”, criticou Lula, referindo-se aos incêndios em São Paulo e em outras cidades que ocorrem de forma quase orquestrada.

Durante a reunião, foi anunciado que o governo destinará R$ 514 milhões para o combate aos incêndios e à seca na Amazônia, uma tentativa de mitigar os danos e reforçar a política de Estado para enfrentar esses desafios.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou a necessidade de um Conselho Nacional de Segurança Climática para unir forças contra a crise. Em um cenário em que cerca de 60% do Brasil está sob risco de incêndio, as preocupações sobre as ações criminosas também foram discutidas. Lula enfatizou que, embora não haja provas concretas de que a maioria das queimadas seja intencional, há uma clara sensação de que muitos incêndios são criminosos.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, alertou para os impactos negativos que esses incidentes podem ter na imagem internacional do Brasil. “Devemos transmitir que essas ações são marginais e não representam a nossa verdadeira essência”, afirmou, defendendo que o Brasil, com sua rica biodiversidade, deve ser reconhecido por suas leis florestais e compromisso com a energia limpa.

A reunião, que contou com a presença de diversas autoridades, demonstrou um esforço conjunto para enfrentar essa emergência climática. No entanto, a sensação de urgência é palpável, e as palavras de Lula ecoam como um chamado à ação: é hora de cuidar do que ainda podemos salvar antes que seja tarde demais.

Além de Lula, participam da reunião nesta terça-feira as seguintes autoridades:

  • Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG);
  • Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL);
  • Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luís Roberto Barroso;
  • Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin;
  • Ministro da Casa Civil, Rui Costa;
  • Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski;
  • Ministra da Saúde, Nísia Trindade;
  • Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva;
  • Ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha;
  • Advogado-Geral da União, Jorge Messias;
  • Procurador-Geral da República, Paulo Gonet;
  • Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro Herman Benjamin;
  • Vice-Presidente do Tribunal de Contas da União, Ministro Vital do Rêgo Filho;
  • Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; e
  • Ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
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