Lula desembarca em Honduras para cúpula da Celac e defende união regional em tempos turbulentos

Lula desembarca em Honduras para cúpula da Celac e defende união regional em tempos turbulentos

Encontro entre países da América Latina e do Caribe discute clima, segurança alimentar e pressões externas, como tarifas dos EUA e migração forçada. Brasil também quer apoiar uma mulher latino-americana para comandar a ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite de terça-feira (8) à capital de Honduras, Tegucigalpa, onde participa nesta quarta (9) da 9ª Cúpula da Celac — Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. O encontro reúne lideranças de 33 países da região para discutir temas urgentes como mudanças climáticas, segurança alimentar e as novas tensões provocadas pelas políticas adotadas pelos Estados Unidos.

A cúpula está marcada para as 13h (horário de Brasília) e será também o momento em que Honduras passará a presidência temporária do bloco à Colômbia.

Com o planeta em alerta pelas crises climáticas e pela fome que ainda assola milhões, os países da Celac vão discutir propostas concretas, como a criação de um fundo de resposta a desastres naturais e um plano conjunto de segurança alimentar. O tom da reunião promete ser de busca por soluções e cooperação — algo que Lula tem defendido desde que voltou ao cargo.

No ano passado, durante a cúpula da Celac, Lula já havia feito um discurso contundente, denunciando o que chamou de “genocídio em Gaza”. Agora, com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e sua política migratória ainda mais dura, além do “tarifaço” imposto a países latino-americanos, o clima de instabilidade se intensifica.

O Brasil, junto a países como Argentina, Uruguai, Chile e Colômbia, foi alvo de tarifas comerciais de até 10%, enquanto outros — como Venezuela, Nicarágua e Guiana — enfrentaram aumentos ainda mais severos, com até 38% de taxação. Diante disso, diplomatas avaliam que será difícil uma posição única do bloco, já que cada nação sente o impacto de forma diferente e possui estratégias distintas de negociação.

Mas o encontro vai além das urgências econômicas e ambientais: o Brasil também quer aproveitar o momento para abrir o debate sobre a sucessão na ONU. Com o mandato do atual secretário-geral, António Guterres, se encerrando em 2026, o governo brasileiro defende que é hora de uma mulher latino-americana assumir o cargo — algo inédito desde a fundação das Nações Unidas, em 1945.

Entre os nomes cotados, circulam três mulheres com forte representatividade internacional:

  • Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile;
  • Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados;
  • Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica.

Mais do que uma reunião diplomática, a cúpula da Celac pode marcar um ponto de virada na forma como os países da região lidam com os desafios globais. E Lula, como tem feito em outras ocasiões, deve usar sua voz para pedir união, protagonismo e respeito — dentro e fora do continente.

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