
Lula e as “pirotecnias” do INSS: quando a investigação vira jogo de cena
Presidente minimiza fraudes bilionárias, enquanto aliados suspeitos e indicados no INSS continuam no palco
Nessa terça-feira, o presidente Lula deu mais um show de ironia e esquiva na coletiva sobre o escândalo das fraudes no INSS, aquele mesmo esquema que sangrou aposentados com descontos ilegais nas pensões e que envolve seus parceiros históricos: os sindicatos — aliás, grandes beneficiários desse rolo.
— “Detectamos que havia um desvio. A gente poderia ter feito pirotecnia, como em outros governos”, afirmou Lula, em um discurso que mais parece pedido para deixar o circo pegar fogo só na hora certa, do jeito que convém. Quem acompanha sabe: pirotecnia é o que nunca falta quando o assunto é proteger os próprios.
Enquanto o presidente fala em “governo sério” que investiga a fundo, o mesmo INSS que sofre com a fraude teve seu presidente indicado por um dos seus mais próximos — o irmão do presidente, Frederico, que figura entre os investigados. Ah, e claro, os sindicatos, sempre à sombra do poder, aparecem no centro do furacão, colhendo os frutos de descontos feitos sem autorização e com documentos falsificados.
Lula garante que está dando “uma chance” para as entidades provarem a autenticidade das assinaturas, embora até agora ninguém tenha mostrado nada que preste. É aquela velha história: enquanto a poeira baixa, o processo corre devagar e os aliados do presidente vão se segurando no cargo — afinal, ninguém quer “fazer pirotecnia” demais e acordar o circo.
— “Quem errou vai ser punido”, diz Lula, mas ninguém explica quando essa justiça seletiva vai chegar nos mais próximos. Enquanto isso, o rombo no bolso dos aposentados ultrapassa centenas de milhões de reais, graças a um esquema que contava até com servidores do INSS fingindo fiscalizar.
A Operação Sem Desconto, que colocou a Polícia Federal e a CGU para vasculhar essa sujeira, revelou pagamentos de propina para manter o esquema vivo — e foi tão grave que resultou na queda do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, outro personagem que agora passa a bola para a Justiça e o Congresso.
A Advocacia-Geral da União já corre atrás de bloquear bilhões em bens dos envolvidos, enquanto no Congresso parlamentares discutem a criação de uma CPMI. Tudo isso para tentar dar algum retorno aos aposentados que tiveram seus benefícios violados.
Mas o recado do presidente é claro: sem provas concretas, nada de denúncias explosivas — porque, afinal, fazer barulho demais pode atrapalhar a turma do costume.
No fim das contas, quem deve mesmo estar tranquilo são os aliados que continuam a tocar a festa, enquanto os aposentados ficam com as contas vazias e o governo dá seu show de “investigação séria”.